O ex-governador José Richa defendeu que o novo PSDB, formado depois da expulsão do grupo do senador Alvaro Dias, se afaste completamente do governo do Estado. Segundo Richa, não é possível que o partido se mantenha refém dos interesses políticos do governo. "Ninguém ligado ao governo deve entrar no PSDB", afirmou. Sua opinião foi apresentada aos políticos que estão a caminho do ninho tucano, muitos defensores de um alinhamento com o governador Jaime Lerner (PFL) para as eleições de 2002.
Richa afirmou que não pretende ditar ordens no PSDB, até mesmo pelo fato de ainda não estar filiado. Mas como um dos fundadores do antigo PSDB, que surgiu de uma dissidência do PMDB, ele se sente à vontade para dar palpites. "Se o Cassio Taniguchi (prefeito de Curitiba) quiser se filiar ao PSDB terá de se desligar do governo", sentenciou, durante gravação de entrevista que vai ao ar às 11 horas de domingo, na TV Bandeirantes.
O mesmo recado foi dado aos secretários que estudam a troca de partido. Entre os mais cotados para assinar ficha no PSDB estão Nelson Justus (Transportes), Eduardo Sciarra (Indústria e Comércio) e Antonio Poloni (Agricultura). Se a tese de Richa vingar, haverá problemas até mesmo com o presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PTB), que se diz independente, mas demonstra ser aliado do governador em sua atuação parlamentar.
Leia mais:
Ato contra 6x1 na Paulista tem xingamento a Nikolas Ferreira e ausência da CUT e PT
Irmão de autor de atentado diz que ele se "deixou levar pelo ódio"
Câmara dá aval a troca de imóveis para novas sedes do Ippul e Codel em Londrina
Filho de autor de atentado em Brasília presta depoimento à PF em Londrina
A postura de Richa expõe a divergência que há entre ele e Lerner. A situação se agravou quando o governador exonerou da Imprensa Oficial o ex-assessor de Richa, Ênio Malheiros, única indicação de Richa no atual governo.
O ex-governador não poupa críticas à forma como Lerner conduziu o Estado. "Minha avaliação não é positiva em relação ao governo Lerner. Ele perdeu a grande oportunidade de ser um excelente governador. Não conservou com ele pessoas que não tinham interesse pessoal. Queríamos ajudar de graça", disse Richa, citando entre os excluídos o diretor de Itaipu, Euclides Scalco, e os empresários Karlos Rischbieter e Saul Raiz. Richa ainda complementou: "Lerner se cercou de pessoas não desejáveis. Ele se perdeu na gestão financeira".
As mazelas com Lerner, no entanto, não respingam em Cassio Taniguchi, considerado no meio político como cria do governador. Richa diz ter admiração pelo prefeito de Curitiba que tem como vice seu filho Beto Richa.
O ex-governador defende ainda que o PSDB tenha candidatura própria para governo em 2002, mas reconhece que por enquanto não há um nome forte. Ele considera que "ainda é cedo" para seu filho se lançar candidato. Richa disse que estuda sua filiação no PSDB apenas para dar apoio a Beto. Para que sua intenção não seja confundida com futura candidatura, ele garantiu que só assinará ficha após 6 de outubro, quando encerra o prazo para que candidatos entrem em partidos ou façam mudanças.