Uma semana depois de encabeçar a reação dos evangélicos contra o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o líder do PR, senador Magno Malta (ES), reuniu em seu gabinete parlamentares da bancada evangélica para protestar contra a nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci. Apesar de não ameaçarem diretamente o governo, os participantes do encontro deixaram claro que poderão retaliar o governo nas eleições municipais, caso a presidente Dilma Rousseff não cumpra o compromisso de campanha de manter inalterada a legislação que proíbe o aborto no País.
Como presidente da Frente da Família, que reúne deputados e senadores, Malta anunciou que não reconhece mais Carvalho como interlocutor do governo. Carvalho passou a ser um desafeto após ter dito no Fórum Social Mundial de Porto Alegre que os evangélicos "têm uma visão do mundo controlada por pastores de televisão". Sobre a ministra Eleonora, o líder entende que ela contraria Dilma ao se manifestar favorável à prática do aborto.
O líder do PR se referiu à reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo. O material informa que Eleonora revelou há oito anos, em depoimento a uma pesquisadora de ciências sociais, que fez um "curso de aborto" na Colômbia após fundar, em 1995, a entidade Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. A reportagem cita que ontem à noite Eleonora divulgou nota afirmando que "nunca esteve na Colômbia". Mas Magno Malta não gostou da situação. "Ela (Eleonora Menicucci) acabou de assumir e já deu oportunidade de nos prepararmos para suportar o chumbo grosso que vem por aí", disse o senador.
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O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presente à reunião, informou que a Frente da Família (integrada por 400 deputados e 70 senadores de várias religiões, segundo Malta) divulgará manifestos contra Gilberto Carvalho e contra a ministra Eleonora. Ele acredita que a presidente Dilma não a teria nomeado para o ministério se conhecesse a entrevista em que ela fala do curso na Colômbia.
"Vamos criticar a ministra e ficar vigilantes", avisou Cunha. Ele lembra que o total de evangélicos no País corresponde a 30% do eleitorado. "Nosso problema é que as posições da ministra não são compatíveis com alguém que vai conduzir políticas públicas", alegou o deputado, lembrando que os evangélicos já mostraram o peso que têm numa campanha eleitoral.