Senadores de partidos da base do governo afirmaram nesta terça (7) que juridicamente a situação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, está resolvida com a decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de arquivar os pedidos de investigação sobre o crescimento patrimonial dele nos últimos quatro anos. Entretanto, consideram que, politicamente, a situação do ministro é complicada.
O peemedebista da chamada ala independente do partido, Luis Henrique (SC), afirma que sua expectativa é que Palocci deixe o cargo. Segundo ele, a decisão da procuradoria "não altera em nada" o desgaste político do ministro a partir de denúncias que começaram com o crescimento de seu patrimônio.
O senador Inácio Arruda (PCdo B-CE) também acredita na permanência do desgaste político de Palocci. De acordo com ele, só "um fato novo" criado pelo próprio ministro seria capaz de fortalecê-lo. "A iniciativa tem que ser dele. Não dá para ficar num posto [como o da Casa Civil] com todo mundo olhando atravessado."
Leia mais:
Bolsonaro rebate Eduardo e, mesmo inelegível, diz ser 'plano A, B e C' para 2026
Sede da Câmara de Londrina será entregue dia 10 e vai receber posse, diz presidente
Deputados paranaenses confirmam emendas para o Teatro Municipal de Londrina
Bolsonaro é plano A, posso ser o plano B, diz Eduardo sobre eleição de 2026
Arruda acrescentou que, na política, não se olha apenas o aspecto jurídico de uma pessoa pública mas, sim, o conjunto. Ele avalia que Palocci "tem sabedoria política" para saber que não pode permanecer no cargo enfraquecido.
Palocci, afirmou ontem (6), por meio de nota, que espera que a decisão de Gurgel recoloque o "embate político nos termos da razão, do equilíbrio e da Justiça". Palocci disse ainda que prestou todos os esclarecimentos necessários de forma pública. "Prestei todos os esclarecimentos de forma pública. Entreguei à Procuradoria-Geral da República todos os documentos relativos à empresa Projeto", disse o ministro na nota divulgada pela Casa Civil.
Outro peemedebista, Eduardo Braga (AM), disse que não há motivo para criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o caso Palocci, uma vez que o próprio Ministério Público, a quem seriam remetidas as conclusões da comissão, já se pronunciou.
O amazonense disse que amanhã à noite a bancada do PMDB se reunirá em um jantar na casa do senador Waldemir Moka (MT) para tentar fechar uma posição sobre o assunto. O líder Renan Calheiros (AL) já deu o tom que pretende apresentar na reunião: "se do ponto de vista legal não há o que se investigar, do ponto de vista político muito menos".
O pedetista Cristovam Buarque (DF) defende que uma autoridade pública só pode permanecer no cargo se tiver respaldo político, jurídico e ético. Assim, Buarque ressaltou que apesar do parecer de Roberto Gurgel, dúvidas ainda estão pendentes com relação ao patrimônio de Palocci. "Não sabemos quem pagou, os valores e que tipo de trabalho foi feito."
Cristovam afirmou que assinará o pedido de abertura da comissão parlamentar de inquérito para investigar o ministro ainda hoje, juntamente com o colega de partido, Pedro Taques (MT). O próprio líder do PDT, Acir Gurgacz (RO), reconheceu que a situação política de Antonio Palocci "é complicada". Segundo ele, a permanência do ministro no cargo é difícil por causa da falta de credibilidade política, consequência das denúncias que sofreu.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA) limitou-se a dizer que aguarda a decisão sobre a permanência de Palocci no cargo"de quem tem o poder de resolver", no caso a presidenta Dilma Rousseff. Pinheiro foi um dos petistas que, na semana passada, pediram em plenário explicações públicas do ministro sobre as denúncias veiculadas na imprensa.
Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) seria fundamental que Palocci tomasse agora a iniciativa de comparecer espontaneamente ao Congresso para prestar esclarecimentos. Ele considera que isso poderia arrefecer a crise política na base governista agravada pelas denúncias, bem como as queixas de parlamentares sobre a forma como o ministro atua à frente da Pasta.