Centenas de servidores estaduais dormiram de terça (11) para quarta-feira (12) na plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A ocupação aconteceu depois que os deputados aprovaram a formação de uma comissão geral para analisar os projetos enviados pelo Governo do Estado que preveem alterações orçamentárias e cortes que atingiriam o funcionalismo público. A Justiça já autorizou a reintegração de posse do prédio da Alep, mas o professor da Rede Estadual, Eduardo Gonçalves, um dos que pernoitaram na Assembleia, garantiu que os servidores só vão deixar o local se o chamado "pacotaço" for retirado de pauta. "Não trabalhamos com outra possibilidade. A gente só sai se o governo voltar atrás", destacou o docente em entrevista ao Bonde no início da tarde desta quarta.
Gonçalves trabalha em um escola estadual de Curitiba e participa de manifestações na capital desde a semana passada. "O momento é único na história do estado. Não vamos admitir que o atual governo tire dos servidores direitos trabalhistas conquistados há 25 anos", argumentou.
O professor também comentou o fato de ter passado a noite na plenária da Assembleia Legislativa. "A ocupação foi pacífica e o pernoite também. Foi tudo bem tranquilo, sem qualquer tipo de pânico ou preocupação por parte dos servidores", afirmou.
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Sobre a Justiça ter autorizado a reintegração de posse no prédio da Alep, Gonçalves disse, apenas, que ouviu falar da situação e, por isso, preferiu tratá-la como "boato". "Não vou passar isso para frente. É uma questão que só vai enfraquecer o nosso movimento".
Luciano Ramos Paiva, que trabalha na secretaria de uma escola estadual de Londrina, também participou da ocupação do prédio da Alep. "Demorei um pouco para entrar e por isso acompanhei toda a movimentação dos corredores", contou.
Segundo ele, os servidores estão revoltados. "Todos ficamos estáticos após a aprovação do 'tratoraço', sem saber o que fazer", declarou. Paiva passou o dia de terça-feira em Curitiba participando dos protestos, mas voltou de ônibus para Londrina, com outros servidores, no início da madrugada desta quarta. "O movimento continua firme. Não só em Curitiba, mas em todo o estado".