A Câmara Municipal de Londrina (CML) aprovou moção de apoio ao estagiário de uma empresa de construção civil de Maringá demitido após publicar na rede social Facebook postagens consideradas machistas. O requerimento é de autoria do vereador Filipe Barros (PRB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Cidadania do Legislativo.
O texto foi apresentado em regime de urgência na sessão legislativa passada e aprovado com a abstenção apenas de Rony Alves (PTB) e Vilson Bittencourt (PSD) – mesmo os membros da Comissão dos Direitos da Mulher deram votos favoráveis. A urgência foi justificada pela urgência do caso, já que as postagens ocorreram no dia 8 de fevereiro.
O requerimento, de número 34/2017, diz que a Câmara se sensibiliza "profundamente" com o estagiário que, "por exercer o seu direito constitucional de liberdade de expressão nas redes sociais, foi demitido em virtude da pressão exercida por movimentos feministas". Também critica o politicamente correto, que "tem moldado as relações e interferido nas liberdades individuais". "Sequer o humor tem sido tolerado", continua. Por fim, deseja "sucesso, virtude e convicção social" ao universitário e se põe à disposição daqueles que têm a liberdade individual censurada e condenada " em nome da tolerância seletiva e de uma pretensa igualdade".
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Nas postagens, o estudante de engenharia civil compara argumentos de feministas a dejetos humanos e faz piada, em frente a um caminhão carregado, de que os direitos iguais acabariam no momento de descarregar o cimento. As supostas piadas têm imagens registradas em empreendimentos da Construtora e Imobiliária Cantareira, na qual o rapaz estagiava.
As manifestações do estudante provocaram a ira de grupos de defesa dos direitos das mulheres, que pressionaram a empresa. A construtora, em nota oficial divulgada no Facebook, classifica as mensagens como "sexistas e extremistas" e ressalta que as opiniões dele não refletem a do grupo. Afirma, ainda, que a companhia "despreza qualquer incitação ao ódio e preconceito" e finaliza informando a demissão do rapaz.
Daniele Ziober diz que foi induzida ao erro ao aprovar o requerimento de urgência, que não permitiu tempo adequado para analisar o caso. Também afirmou que a redação não deixa claro quais atitudes levaram à demissão do estagiário. "Eu não sabia do caso e só fui conhecer depois de aprovado", informou. Após saber ao que estava manifestando apoio, tentou mudar o voto, o que é impedido pelo Regimento Interno.
A vereadora criticou a urgência da moção de apoio, uma vez que o estagiário já havia sido demitido, e por ser um fato ocorrido fora de Londrina. Ela fará um pronunciamento sobre o assunto na sessão desta quinta-feira (16).
O Portal Bonde tentou contato com o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Guilherme Belinati (PP) e o membro Amauri Cardoso (PSDB) para questionar se o conteúdo do requerimento reflete a linha de pensamento do grupo.
Também tentou contato com Filipe Barros, mas o vereador está em reunião da Mesa Executiva analisando requerimentos formalizados contra o vereador Emerson Petriv (PR), o Boca Aberta, devido a fiscalizações polêmicas feitas pelo parlamentar na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Jardim do Sol, em janeiro deste ano.
Confira a nota divulgada pela Construtora e Imobiliária Cantareira.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Nós, do Grupo Cantareira tomamos conhecimento de postagens, com mensagens sexistas e extremistas, feitas por um estagiário em uma rede social pessoal.
Apesar das fotos terem sido feitas em nossos empreendimentos, ressaltamos que não reflete a opinião do grupo, mas particular.
O Grupo Cantareira despreza qualquer incitação de ódio e preconceito.
Esclarecemos a situação e comunicamos que o estagiário não faz mais parte da nossa equipe.
Obrigado.
(Atualizado às 14h20)