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Um musical com personalidade

Rodrigo Moraes
24 ago 2001 às 17:24
McGregor como o escritor Christian: talento vocal - divulgação
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É muito fácil malhar "Moulin Rouge", o novo filme do diretor Baz Luhrmann. É um filme diferente, um projeto surpreendente para uma superprodução destinada ao grande circuito. Mas tem gente que vai adorar a maneira como a música pop do século XX foi utilizada nessa ópera rock que se passa no fim do século XIX. Apesar de se passar nos idos de 1900, o filme usa canções que só seriam compostas quase um século mais tarde: uma mistura de Madonna, David Bowie, Queen, U2, Sting, Nirvana e até Whitney Houston, entre outros. O resultado é um musical que soa familiar, fácil de digerir até mesmo para quem tem aversão ao gênero.
O diretor Luhrmann explodiu com a adaptação estilizada de "Romeu e Julieta", que jogou o estrelato nas mãos de Claire Daines e transformou Leonardo DiCaprio no galã teen que todos conhecem. A química se repete aqui com Ewan McGregor e Nicole Kidman como um dos pares românticos mais bacanas dos últimos tempos.
Sim, esta é mais uma história de amor impossível. O cenário é o Moulin Rouge, um dos grandes bordéis da época áurea da boemia parisiense. Um escritor pobretão e uma cortesã (ah, vá lá, prostituta mesmo) se apaixonam. Ela, a principal estrela do Moulin Rouge, é prometida a um duque em troca da reforma do bordel e agora tem que decidir entre a grana e o amor. Parece clichê, não é? Mas é o tipo de história que não falha, um romantismo sem delongas, como "Romeu e Julieta" ou mesmo "Titanic".
Pensando bem, o argumento do filme é extremamente parecido com o de "Titanic". Ao invés de um naufrágio, a tragédia aqui é o fechamento de um clube noturno. Não dê risada, é sério. A diferença é que em "Moulin Rouge" o par romântico canta, e canta bem.
Nicole Kidman se esforça bastante e não decepciona nas canções, mas quem chama a atenção é Ewan McGregor. Ele já havia mostrado seu talento vocal no excêntrico "Velvet Goldmine" e ao lado de Cameron Diaz em "Por uma vida menos ordinária", mas aqui ganha espaço suficiente para mostrar sua faceta popstar. E, poxa vida, é bom ver ele cantar. Nos momentos em que o filme começa a aborrecer, McGregor salva a pátria com voz e empatia contagiantes. Sua interpretação sincera e extremamente carismática é um dos motivos porque vale a pena ver "Moulin Rouge".
Outros motivos estão espalhados pelo filme em ótimos momentos musicais. São vários, mas "Roxanne" transformada em tango merece destaque. Talvez porque nós latinos sejamos mais sensíveis a este tipo de sonoridade, talvez porque a coreografia do tango é tiro e queda em cenas dramáticas, o certo é que a música, a coreografia e os malabarismos da câmera criaram um seqüência emocionante, clímax dramático para crítico nenhum botar defeito.
A história se desenrola em clima de farsa teatral. Nesse sentido, não é difícil compreender qual foi a intenção do diretor em utilizar tantas vezes cenas em câmera rápida, principalmente na primeira metade do filme. Parece meio bobo e repetitivo, mas a idéia é transpor para a tela o humor típico das comédias de situação. É lógico que no cinema a graça não é tanta, mas o recurso tem lá seu fundamento.
Pois é, "Moulin Rouge" é assim, um filme meio incompreendido, no estilo "ame-o ou odeie-o": bem poderia ser o abacaxi do ano, mas não é. É um projeto difícil, até ousado para os padrões hollywoodianos, mas bem executado e cheio de personalidade, com momentos marcantes e um elenco que não deixa nada a desejar.
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