Todos nós somos bombardeados com uma infinidade de impostos, taxas e contribuições, alguns economistas afirmam que pagamos cerca de quatro dos nossos salários em impostos todo ano. Nem sempre (ou quase nunca) fica claro onde serão aplicados os recursos oriundos da arrecadação, que neste último ano, foi uma das maiores da história, mas sabemos que basicamente, esse dinheiro serviria para educação, segurança e saúde.

Infelizmente, a realidade se apresenta de uma maneira muito diferente, apesar da arrecadação aumentar, parece que os serviços essenciais estão cada vez mais ruins, é complicado entender o que acontece. Talvez a gigantesca e caríssima folha de pagamento do governo, os desvios, a falta de seriedade e principalmente, a péssima gestão dos recursos, causem esse efeito tão negativo à sociedade.

Surge então um termo pomposo "Responsabilidade Social" e como outros absolutismos no meio corporativo, a mídia insistentemente fala disso o tempo todo, chegando a transformar o termo num quesito de escolha entre empresas, um ranking que não é, nem de longe, aceitável. Os serviços que são prestados pelo governo, não acontecem por bondade, nós pagamos (e caro) por eles. Os empresários sabem o quanto é difícil, manter a empresa em condições de funcionamento, tanto que todos os anos, um número inaceitável de empresas acaba, colocando mais pessoas na já infinita fila do emprego ( leia a matéria "Quem recruta o recrutador" onde é abordada a dificuldade em se obter trabalho ).

As empresas não têm responsabilidade social alguma, sua responsabilidade é cumprir as leis, assegurar o pagamento de salários adequados, condições dignas de trabalho aos colaboradores e garantir que sua estrutura possa continuar atuante, fazendo a riqueza circular, favorecendo o verdadeiro crescimento econômico. Observem o caso da Vasp, que já se encontrava numa situação caótica a algum tempo, mas os responsáveis pela fiscalização, deixam o caos acontecer, para somente então se manifestar, infelizmente, tarde demais, ou pior, caro demais (ainda temos Mappin, Mesbla, Encol e todos os devedores da gigantesca lista de quem não paga os impostos devidos ( Acesse a lista).

Claro que ações sociais de empresas tem muito valor, mas essas ações têm que acontecer de maneira espontânea, não como diferenciais competitivos, até porque apenas quem tem dinheiro pode executar grandes ações, dessas que aparecem na mídia, ficando os pequenos, que na grande maioria, também tem suas ações sociais, mais modestas, participando na sua comunidade e essas pequenas ações devem ter tanto valor quanto as grandes, afinal, cada um só pode fazer aquilo que as condições permitem. Não podemos julgar as empresas atribuindo tanto valor ao critério da responsabilidade social.

Não raro, vejo comercial de empresas de exploração (animal, vegetal ou mineral) mostrando com grande orgulho suas reservas, reflorestamentos e respeito ao meio ambiente. O que não é dito e muitas vezes mascarado, é o fato de que essas ações não acontecem por altruísmo, mas por uma NECESSIDADE da corporação, afinal, se o negócio envolve a exploração desses recursos é mais que óbvio que a existência da empresa está intrinsecamente ligada à conservação da sua matéria prima. Isso não deve ser entendido como "responsabilidade social", mas como uma obrigação, oriunda da atividade exercida.

No entanto, se as empresas devem fazer o trabalho que cabe ao governo, que profissionalizemos então a administração pública, acabando com os concursos e contratando profissionais capazes de resolver os problemas que existem, o governo deve funcionar como uma empresa, então nada mais óbvio do que ser administrado por profissionais. Talvez com uma mudança desse tipo, a "a responsabilidade social" da Petrobrás, por exemplo, fosse assegurar um combustível mais barato aos brasileiros...

Mas apesar dos pesares, somos (o Brasil) famosos pelo nosso modelo democrático, onde podemos exercer nosso DIREITO cívico, nosso sagrado direito ao voto OBRIGATÓRIO, que acontece num domingo, ou num feriado e infelizmente, diferente da câmara, nós não ganhamos pela convocação especial.