Cada vez que passo por um nova obra penso com esperança: daí vai surgir um edifício bonito e elegante que resgatará a confiança e o orgulho que eu tinha no trabalho dos arquitetos curitibanos. Passa-se o tempo, as formas vão aparecendo, e nada. Só prédios em formatos de caixotes, construções pobres e sem criatividade. Nenhuma beleza. Observo o bairro do Champagnhat. Que lástima! A minha rua está irremediavelmente abarrotada deles.
O formato é simples: nos andares de cima, habitações, no rés do chão, algumas lojas. Dizem que é exigência da Prefeitura, do seu código de obras e das leis de ocupação do solo. Ora, mesmo que fosse, acredito que seria
possível fazer prédios com mais beleza e elaboração de formas. Procuro pela estética e elegância, qualidades necessárias nos traços profissionais, daqueles que se propuseram a seguir anos de estudos, viagens, observações,
pesquisas, leituras e vivência nos assuntos do planejamento e da arquitetura das construções humanas. Aqueles que são obrigados por juramento e profissão a oferecer beleza no dia-a-dia do nosso espaço urbano. Será que nossos arquitetos, ao trocarem os traçados das suas pranchetas, pela técnica do CAD CAM perderam "a mão" e o rumo?
Será que ninguém sabe mais fazer arquitetura bonita e consistente em Curitiba, nós que temos um sistema viário bem definido e uma cidade ordenada? Onde andarão aqueles, que em tempos passados ganhavam prêmios internacionais e eram requisitados para trabalhos em praças maiores e mais importantes? Será que a nova geração trocou o metier do estúdio pelas festas, badalações e aparições nas colunas sociais, esquecendo-se de que a maior promoção de um arquiteto é a concretização de uma boa obra? O que aprenderam nos últimos anos os jovens na nossa "ex-famosa" Escola de Arquitetura ? Se eu estiver errado, por favor me corrijam, mas tenho que confiar no que os meus olhos vêem, pois percorro nossas avenidas estruturais e suas ruas laterais e só vejo prédios encaixotando gente.
Muitos debitam a culpa também aos empreiteiros imobiliários e aos construtores que, apoiados nas leis do mercado, exigem prédios mais simples e baratos. É a tirania do metro quadrado e da repetição de projetos com
pequenas modificações. Outros dizem que os construtores, em vez de contratarem serviços de arquitetos, dão os projetos aos engenheiros. Não tenho nada com a briga deles, mas todos temos compromissos com a estética.
Ora, em Goiânia, Salvador e Porto Alegre a lei do mercado é a mesma e lá, eles dão de dez a zero na gente no quesito beleza dos edifícios.
Hoje, os arquitetos do poder público, com suas praças, edificações originais e criativas como a Ópera do Arame e o Bosque Alemão, entre outras, apresentam trabalhos muito mais interessantes do que os da iniciativa privada. É claro que a comparação é injusta, mas eles estão conseguindo deixar aos nossos netos alguma coisa que preste e as suas construções são econômicas e bonitas.
E já que entrei no assunto, aqui vão mais alguns palpites de leigo: vamos falar das varandas curitibanas, que de tão mal feitas e mal planejadas, são como o nosso carnaval, nem deveriam existir. Varanda para quê? A cidade é
fria e o curitibano gosta mesmo é de ficar na sala assistindo Big Brother ou Casa dos Artistas, irão dizer alguns. Ora, varanda é um elemento arquitetônico que pode dar charme a uma construção. Uma varanda bem balanceada dá peso e ajuda na composição. As de Curitiba são tão pequenas, que você mal consegue colocar nela a cama do seu cachorro ou a bicicleta do seu filho na horizontal. E as varandas, quando são construídas* são viradas para o vento frio e úmido da Serra do Mar. Sou neófito em arquitetura, nunca estudei o assunto, mas sei de onde vem o vento dominante de um lugar. E não é para o lado dele, numa cidade fria como a nossa, que se devem construir varandas. Então, elas são feitas só para se dizer que foram feitas. Constam na planta e influem no preço do imóvel, mas jamais serão usadas, pois quem as projetou não pensou no conforto e no tamanho necessário para seu uso prático.
Tem mais: de uns tempos para cá, começaram a colocar minúsculas janelas, dessas mais baratinhas, nas novas
construções. O nosso povo, que já é enrustido, vai ficar mais enrustido ainda. Prédios no formato de caixas, sem varandas, com janelas anãs e sem o mínimo de sol e luminosidade. Só faltam colocar penduradores para os
vampiros curitibanos se acomodarem. E o pior não é isso. Nossos arquitetos quando querem fazer alguma coisa diferente, inventam arcos vermelhos, pilastras gigantes de proporção duvidosa e fora do contexto da obra. Fazem por fazer e não pela procura estética. Se você pedir para justificar a proposta, a resposta vai ser lacônica, se existir alguma para oferecerem. E quando querem tematizar alguma coisa, então, " sai de baixo", pois o samba do criolo doido do Stanislau Ponte Preta baixa em cheio na turma. Poucos são aqueles que vão a fundo nas pesquisas para conceituarem suas propostas. Não procuram e nem sabem procurar as informações necessárias para o trabalho que apresentam. Daí para a criação de monstrengos é um pulo.
Alguns dos nossos edifícios parecem sair direto da prancheta do "Arquiteto Doido", pois não combinam nada com coisa nenhuma. Reclamo porque, como curitibano, serei forçado a conviver com estes prédios franksteins pelo resto da vida. Uma cidade tão bonita quanto a nossa está se prejudicando com a incompetência dos projetistas dos seus prédios, com a ganância dos seus incorporadores imobiliários e com o silêncio do seu povo, que compra, sofre e não reclama.
E para completar a história, vamos falar um pouco da nomeação destes monstrengos. Há um mito na cidade que diz que: " se prédio não tiver nome francês, não vende." As barbaridades que este pessoal inventa são de lascar. Victor Hugo, Baudelaire e companhia devem se revolver nos seus túmulos. Além de produzirem prédios horríveis, ainda dão trabalho aos coitados dos entregadores de pizza, taxistas e domésticas que são obrigados a conviver com nomes do tipo Bois de Boulogne, Montmartre, Place de Volges e por aí afora. Só com o nome Mont Blanc conheço três edifícios. Ora, tenham paciência, nome francês não é sinônimo de boa arquitetura ou construção elegante e nem ajuda a vender coisa nenhuma.
O formato é simples: nos andares de cima, habitações, no rés do chão, algumas lojas. Dizem que é exigência da Prefeitura, do seu código de obras e das leis de ocupação do solo. Ora, mesmo que fosse, acredito que seria
possível fazer prédios com mais beleza e elaboração de formas. Procuro pela estética e elegância, qualidades necessárias nos traços profissionais, daqueles que se propuseram a seguir anos de estudos, viagens, observações,
pesquisas, leituras e vivência nos assuntos do planejamento e da arquitetura das construções humanas. Aqueles que são obrigados por juramento e profissão a oferecer beleza no dia-a-dia do nosso espaço urbano. Será que nossos arquitetos, ao trocarem os traçados das suas pranchetas, pela técnica do CAD CAM perderam "a mão" e o rumo?
Será que ninguém sabe mais fazer arquitetura bonita e consistente em Curitiba, nós que temos um sistema viário bem definido e uma cidade ordenada? Onde andarão aqueles, que em tempos passados ganhavam prêmios internacionais e eram requisitados para trabalhos em praças maiores e mais importantes? Será que a nova geração trocou o metier do estúdio pelas festas, badalações e aparições nas colunas sociais, esquecendo-se de que a maior promoção de um arquiteto é a concretização de uma boa obra? O que aprenderam nos últimos anos os jovens na nossa "ex-famosa" Escola de Arquitetura ? Se eu estiver errado, por favor me corrijam, mas tenho que confiar no que os meus olhos vêem, pois percorro nossas avenidas estruturais e suas ruas laterais e só vejo prédios encaixotando gente.
Muitos debitam a culpa também aos empreiteiros imobiliários e aos construtores que, apoiados nas leis do mercado, exigem prédios mais simples e baratos. É a tirania do metro quadrado e da repetição de projetos com
pequenas modificações. Outros dizem que os construtores, em vez de contratarem serviços de arquitetos, dão os projetos aos engenheiros. Não tenho nada com a briga deles, mas todos temos compromissos com a estética.
Ora, em Goiânia, Salvador e Porto Alegre a lei do mercado é a mesma e lá, eles dão de dez a zero na gente no quesito beleza dos edifícios.
Hoje, os arquitetos do poder público, com suas praças, edificações originais e criativas como a Ópera do Arame e o Bosque Alemão, entre outras, apresentam trabalhos muito mais interessantes do que os da iniciativa privada. É claro que a comparação é injusta, mas eles estão conseguindo deixar aos nossos netos alguma coisa que preste e as suas construções são econômicas e bonitas.
E já que entrei no assunto, aqui vão mais alguns palpites de leigo: vamos falar das varandas curitibanas, que de tão mal feitas e mal planejadas, são como o nosso carnaval, nem deveriam existir. Varanda para quê? A cidade é
fria e o curitibano gosta mesmo é de ficar na sala assistindo Big Brother ou Casa dos Artistas, irão dizer alguns. Ora, varanda é um elemento arquitetônico que pode dar charme a uma construção. Uma varanda bem balanceada dá peso e ajuda na composição. As de Curitiba são tão pequenas, que você mal consegue colocar nela a cama do seu cachorro ou a bicicleta do seu filho na horizontal. E as varandas, quando são construídas* são viradas para o vento frio e úmido da Serra do Mar. Sou neófito em arquitetura, nunca estudei o assunto, mas sei de onde vem o vento dominante de um lugar. E não é para o lado dele, numa cidade fria como a nossa, que se devem construir varandas. Então, elas são feitas só para se dizer que foram feitas. Constam na planta e influem no preço do imóvel, mas jamais serão usadas, pois quem as projetou não pensou no conforto e no tamanho necessário para seu uso prático.
Tem mais: de uns tempos para cá, começaram a colocar minúsculas janelas, dessas mais baratinhas, nas novas
construções. O nosso povo, que já é enrustido, vai ficar mais enrustido ainda. Prédios no formato de caixas, sem varandas, com janelas anãs e sem o mínimo de sol e luminosidade. Só faltam colocar penduradores para os
vampiros curitibanos se acomodarem. E o pior não é isso. Nossos arquitetos quando querem fazer alguma coisa diferente, inventam arcos vermelhos, pilastras gigantes de proporção duvidosa e fora do contexto da obra. Fazem por fazer e não pela procura estética. Se você pedir para justificar a proposta, a resposta vai ser lacônica, se existir alguma para oferecerem. E quando querem tematizar alguma coisa, então, " sai de baixo", pois o samba do criolo doido do Stanislau Ponte Preta baixa em cheio na turma. Poucos são aqueles que vão a fundo nas pesquisas para conceituarem suas propostas. Não procuram e nem sabem procurar as informações necessárias para o trabalho que apresentam. Daí para a criação de monstrengos é um pulo.
Alguns dos nossos edifícios parecem sair direto da prancheta do "Arquiteto Doido", pois não combinam nada com coisa nenhuma. Reclamo porque, como curitibano, serei forçado a conviver com estes prédios franksteins pelo resto da vida. Uma cidade tão bonita quanto a nossa está se prejudicando com a incompetência dos projetistas dos seus prédios, com a ganância dos seus incorporadores imobiliários e com o silêncio do seu povo, que compra, sofre e não reclama.
E para completar a história, vamos falar um pouco da nomeação destes monstrengos. Há um mito na cidade que diz que: " se prédio não tiver nome francês, não vende." As barbaridades que este pessoal inventa são de lascar. Victor Hugo, Baudelaire e companhia devem se revolver nos seus túmulos. Além de produzirem prédios horríveis, ainda dão trabalho aos coitados dos entregadores de pizza, taxistas e domésticas que são obrigados a conviver com nomes do tipo Bois de Boulogne, Montmartre, Place de Volges e por aí afora. Só com o nome Mont Blanc conheço três edifícios. Ora, tenham paciência, nome francês não é sinônimo de boa arquitetura ou construção elegante e nem ajuda a vender coisa nenhuma.