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A dois passos da chatice

27 jun 2003 às 15:42

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Ao longo de seus quase vinte anos de carreira, o trio norte-americano Yo La Tengo sempre se manteve a dois passos da genialidade. Infelizmente, também esteve sempre perto da chatice total, ao estragar discos que poderiam ser obras-primas com noise sem sal, experimentalismos sonolentos e faixas de dez minutos.

O grupo, liderado pelo casal Ira Kaplan (voz e guitarra) e Georgia Hubley (voz e bateria), chegou bem perto de decidir a parada com o ótimo "And Then Nothing Turned Itself Inside-Out" (2000), seu primeiro trabalho a sair simultaneamente no Brasil com o resto do mundo. No disco, o Yo La Tengo encantava com sutis batidas eletrônicas, teclados com timbres angelicais, vocais gemidos e as melhores melodias que a banda já havia escrito. É pré-candidato a qualquer lista de vinte melhores discos dos anos 00.

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Considerando-se a força do anterior, o novo "Summer Sun" (Matador/Trama) é uma decepção. Lançado em abril nos Estados Unidos, chega em edição nacional com apenas dois meses de atraso. Aqui, o Yo La Tengo podou boa parte dos detalhes eletrônicos que davam charme aos melhores momentos do disco de 2000, e também as guitarras barulhentas dos primeiros trabalhos. Infelizmente, também tratou de limar a inspiração.

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"Summer Sun" parece começar aonde "And Then Nothing…" tinha parado: a psicodélica "Beach Party Tonight", encharcada de teclados e efeitos orientais, dá o tom de introspecção que vai nortear o disco inteiro. A seguinte, "Little Eyes", cantada por Georgia, é pop sem amarras e sem dificuldades, um hit indie certeiro.

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O disco ainda tem uma sobrevida na linda "Season Of The Shark", balada que mistura batida discreta, vocais sussurrados e guitarras surf music, a exemplo de outras músicas do Yo La Tengo. Só que pára por aí. De "Tiny Birds" (recheada de dedilhados à Sonic Youth) em diante, "Summer Sun" naufraga na modorra.


Ora o Yo La Tengo estraga boas idéias, como os tecladinhos vintage de "Winter A Go Go" ou o jazz perneta de "Let’s Be Still", ora faz chatice autêntica. "Moonrock Mambo" soa como um grupo de universitários branquelos (o que deve ser exatamente o caso) depois de um belo porre tentando tocar o ritmo do título. "Georgia Vs. Yo La Tengo" é uma bobagem instrumental, com batuques, efeitos e guitarras com wah wah.

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Nesses momentos, o Yo La Tengo justifica as ferozes resenhas que recebeu da imprensa ianque, antiga aliada, que pela primeira vez espinafrou um álbum do grupo com gosto. Se fosse para fazer uma analogia fácil com o título do álbum, seria possível dizer que "Summer Sun" representa o oposto do lado esfuziante do verão, ao cantar o clima de fim de tarde e de temporada. O resultado é pior do que a média de um disco típico do Yo La Tengo. Se for levado em conta o fato de que há três anos o grupo esteve próximo como nunca da perfeição, "Summer Sun" é imperdoável.



LANÇAMENTOS

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System Of A Down"Steal This Album!" (Sony)


O System Of A Down é a segunda melhor banda de heavy metal da atualidade (o Queens Of The Stone Age leva a coroa). Costuma também ser descrito como a única banda de new metal da história que deu certo. Este seu terceiro disco é na verdade uma coletânea de sobras dos outros dois álbuns. Caprichando no peso, o grupo desconcerta com estruturas incomuns onde berros primais são sucedidos por guitarras dedilhadas, vocais afinados e lamúrias melódicas. Às vezes em questão de poucos segundos, como na impagável faixa de abertura, "Chic ‘N’ Stu". Mais importante, a banda não se leva a sério, como provam as hilárias paradinhas, que parecem debochar das explosões de andamento dos new metaleiros bocós, ou as brincadeiras vocais dementes de "I-E-A-I-A-I-O" e de "36". No meio do caminho, há pop radiofônico do bem, em "Highway Song" e "Mr. Jack". Considerando-se o lixo que essa molecada anda ouvindo (Linkin Park, Korn), o System Of A Down não deixa de ser uma revolução.

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Para quem gosta de: Faith No More, Queens Of The Stone Age, At The Drive-In.


The Coral"The Coral" (Sony)


O jornalista Nélson Sato, da Folha de Londrina, lançou a teoria de que o rock britânico anda em crise – as bandas bacanas de verdade estariam surgindo dos Estados Unidos, enquanto o pessoal da ilha anda se afogando demais em baladinhas. Meio difícil não concordar com ele ao constatar quais são os grupos mais elogiados da recente safra da região: Starsailor, Coldplay, The Music. E este The Coral. A banda inglesa até é uma estranha no ninho, pois ao contrário de seus similares não privilegia violões e pianos, e prefere reciclar os clichês da primeira turma do psicodelismo, da segunda metade dos anos 60, emulando com insistência Doors (ouça os dun-dun-duns de "Simon Diamond" ou os vocais de "I Remember When"), The Zombies, Love e o Pink Floyd fase Syd Barrett. Às vezes, fica bom, como em "Goodbye" e "Dreaming Of You", mas quase sempre se perde na leseira pastosa ("Shadows Fall", a extensa "Calendars And Clocks"). Tirando o Radiohead, anda difícil curtir o rock inglês.

Para quem gosta de: Primeiros discos do Pink Floyd, Sala Especial, Clinic.


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