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Classe de 2005 – Parte 1

08 jul 2005 às 11:00

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O Maxïmo Park é fascinado por rock feito há mais de 20 anos - Reprodução
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Será que a culpa pode ser atribuída ao mp3? A verdade é que, desde que os Strokes emplacaram seu hype em 2001 através dos primeiros programas de compartilhamento de arquivos, a profusão de novidades no mundo do rock desnorteia quem se atreve a se manter minimamente antenado. A cada semana, surgem mais e mais pretensos "salvadores" do 4 por 4.

Estes novatos seguem necessariamente uma de três trilhas: a primeira, mais tortuosa, exige sobrevivência além do hype e proporciona algum cargo relevante no universo roqueiro após a badalação inicial (exemplos de bandas novas que conseguiram o feito: Strokes, White Stripes, Interpol). A segunda é ingrata: mesmo ostentando alguma qualidade, o candidato da vez acaba relegado a segundo plano pela imprensa já no segundo álbum (vide os infelizes Kings Of Leon, Raveonettes). A terceira trilha é bem mais comum: no máximo dois anos após o hype, a máscara da bandinha cai e todo mundo percebe a picaretagem que havia por trás da careta novidadeira (por onde andam os Vines? E o Electric Six? E o Rapture? E o Audio Bullys?).

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Em 2005, claro, não faltam novas bandas cheias de amor pra dar. Nesta semana e na próxima, esta coluna apresenta alguns grupos ainda nas fraldas que andam chamando a atenção da imprensa gringa. Vamos ter que esperar uns dois anos para saber as trilhas tomadas por estes novatos – talvez essa espera seja ainda menor...

Leia mais:

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Prêmio de consolação

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Semestre gordo

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Sem má vontade

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Item obrigatório


CANDIDATO 1

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QUEM? O grupo sueco Shout Out Louds, que honra a tradição de excelentes nomes de banda da terra do Abba (alguém se lembra de Soundtrack Of Our Lives? Wannadies?).


COMO? Em seu álbum de estréia, "Howl Howl Gaff Gaff", lançado recentemente nos Estados Unidos pela Capitol, dois anos depois de chegar às lojas da Suécia (a versão original do disco tem algumas diferenças na lista de músicas).

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PARECE O QUÊ? Se você é um dos 177 fãs da banda norte-americana Built To Spill, compre correndo. Se você gosta de Modest Mouse, também pode embarcar sem medo. Adoradores de Weezer e de Rentals podem arriscar – é só conferir "Oh, Sweetheart" -, ainda que os Shout Out Louds sejam menos pesados. Outras referências: Belle & Sebastian ("100º"), o início dos Descendents (o refrão de "Very Loud" lembra "Good Good Things"), os momentos mais pop do Cure ("Please Please Please", "There’s Nothing").


E PRESTA? "Howl Howl Gaff Gaff" é uma competente demonstração de pop rock assobiável, mas o excesso de auto-piedade da banda cansa e a falta de personalidade do repertório incomoda.

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CANDIDATO 2


QUEM? O quarteto inglês Magic Numbers.

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COMO? O álbum de estréia, que leva o nome da banda, acaba de chegar às lojas britânicas pelo selo Heavenly.


PARECE O QUÊ? Quando ficam mais agitados, como em "Forever Lost", "Love Me Like You" e "Long Legs", lembram a tara pelo southern rock do Kings Of Leon. Na maior parte do tempo, entretanto, os Numbers recorrem a baladões folk, apaixonados, arrastados. Um sabor soul involuntário é sentido no timbre da voz do cantor e compositor Romeo e nos backing vocals femininos.

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E PRESTA? Não. Quando tenta soar "intensa", a banda provoca sono. Nos momentos mais rock, é apenas passável. No fim das contas, "Magic Numbers", o álbum, parece trilha sonora de "Dawson’s Creek" ou de qualquer outro seriado norte-americano bunda-mole.


CANDIDATO 3

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QUEM? A banda inglesa Maxïmo Park.


COMO? Em seu primeiro álbum, "A Certain Trigger" (Warp – importado).


PARECE O QUÊ? O Maxïmo Park é outra jovem banda britânica fascinada por rock que era feito há mais de 20 anos. Em "A Certain Trigger", são nítidas influências de Buzzcocks, The Jam, The Clash, Gang Of Four – o que faz com que o grupo se filie sem constrangimentos à onda passadista (leia-se Strokes, Franz Ferdinand, Libertines, Bloc Party) batizada de "novo rock".


E PRESTA? Em comparação a outros nomes da leva recente de bandas britânicas, como Futureheads, Kaiser Chiefs e Dogs Die In Hot Cars, o Maxïmo Park ganha pontos porque faz canções melhores e escreve refrões mais aderentes. "Apply Some Pressure", "Graffiti" e "I Want You To Stay" são as melhores músicas do álbum. Entretanto, "A Certain Trigger" não tem qualidade suficiente para fazer a banda ultrapassar a fronteira que separa os seguidores dos líderes dentro do rock dos anos 00.

Candidatos da semana que vem: Duke Spirit, Art Brut e Nine Black Alps.


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