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Claustrofobia em imagens

19 mar 2005 às 11:00
Lançamento privilegia repertório dos últimos discos da banda - Reprodução
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Há cinco anos, o Radiohead desafiou a própria aura de unanimidade ao enveredar por experiências sonoras contaminadas por música eletrônica pouco dançante e pretensões de subverter a camisa-de-força da chamada canção pop (estrutura verso-refrão-verso-refrão). Tais intenções estão expostas nos álbuns "Kid A" (2000), "Amnesiac" (2001) e "Hail To The Thief" (2003), considerados passos em falso por alguns e afirmações de genialidade por outros. O tom dos discos é claustrofóbico, tomado por uma paranóia de iminência do fim do mundo, cheia de temores conspiratórios. Não é à toa que o título do último álbum da "trilogia" faz referência a George W. Bush.

Esse ponto de vista impregnado de desalento acaba de ser traduzido em imagens. No final do ano passado, a banda lançou em seu site oficial de vendas, o W.A.S.T.E. (www.waste.uk.com), o DVD "The Most Gigantic Lying Mouth Of All Time", que compila os quatro episódios da Radiohead Television, lançada na internet para promover "Hail To The Thief". Depois de ser disponibilizado exclusivamente no referido site, o produto começa a chegar a lojas virtuais conhecidas do exterior.

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"The Most Gigantic..." é capaz de questionar até a devoção do fã mais dedicado. Os vídeos curtos, embalados em sua maioria pelas composições menos acessíveis do Radiohead, formam um caleidoscópio incompreensível de animações bizarras, computação gráfica sem sentido e filmes experimentais, com fotografia sombria e técnicas inusitadas de edição. Entre um e outro, vinhetas regurgitam slogans ameaçadores (do tipo, "não há saída") confundidos com trechos de letras da banda.

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Em quase duas horas de imagens, há muito de inútil – os bonequinhos do Tripti Ensemble Crew, por exemplo, são chatíssimos. E a falta de encadeamentos lógicos tanto nos vídeos quanto nas vinhetas dá a impressão de picaretagem, pretensão vazia disfarçada de grandes propósitos artísticos. E, para quem está interessado em ver a banda, o DVD não vale: há alguns poucos registros ao vivo e imagens dos integrantes no estúdio. Pára por aí. É mesmo recomendado apenas para fãs.

"The Most Gigantic..." agrada quando o encaixe entre imagem e música se assemelha à estética do videoclipe. A seqüência "borrada" de uma cidade à noite no vídeo de "Sit Down. Stand Up", a animação com corvos de "I Will", a perturbadora máquina de fazer bebês em "Pull/Pulk Revolving Doors" e "Like Spinning Plates" e o clipe propriamente dito de "I Might Be Wrong" são sublimes. Em som e imagem, o Radiohead acerta mais quando fica próximo de fazer sentido.


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