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Especial – Os dez melhores discos de 2004

21 dez 2004 às 11:00
Os Dresden Dolls gravaram o grande álbum de estréia do ano - Reprodução
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A primeira coluna deste ano anunciava as melhores intenções, com este escriba crente de que 2004 seria musicalmente um ano melhor do que 2003. E não é que foi mesmo? Com show dos Pixies em Curitiba, vários DVDs ótimos lançados (Sonic Youth, Weezer, White Stripes), uma safra de novatos consistente (Franz Ferdinand, Killers, Dresden Dolls) e muitos discos de qualidade, só os mal informados ou preconceituosos reclamaram de falta de boa música neste ano. Esta coluna fecha 2004 com sua lista dos dez melhores discos destes estranhos 366 dias e anuncia uma breve pausa para as festas: dia 7 de janeiro, estamos aí. Se 2005 igualar seu antecessor, sai de baixo.

1. Interpol – "Antics" (Matador – Importado)

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Após uma estréia que jogou no mesmo balaio hits indies memoráveis e climões dark cansativos, o quarteto nova-iorquino Interpol soube balancear suas referências e compor um disco em que suas qualidades ficaram mais evidentes. Houve leve mudança de foco: onde antes havia desespero, foram adicionadas doses maciças de desejo. Romance ao invés de depressão, luzes mais insinuantes entre as trevas, guitarras mais roqueiras e menos melancólicas – o ouvinte só ganhou. E o Interpol também, visto que "Antics" consagrou a banda no primeiro escalão da nova leva roqueira. Com um número considerável de melodias perfeitas e letras densas – "Evil", "Slow Hands", "NARC", "C’Mere", "Public Pervert" -, o melhor rock de 2004.

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2. Dresden Dolls – "Dresden Dolls" (8 Ft – Importado)

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Quem dera todos os álbuns de estréia fossem como este do Dresden Dolls. Melhor banda a sair de Boston desde os Pixies, Amanda Palmer e Brian Viglione trafegam nas intersecções improváveis de punk rock, jazz, blues, música de cabaré e easy listening apenas com piano, bateria e saliva. Viglione acompanha os espasmos da vocalista com competência: aguarda respirações, respeita silêncios, senta a mão quando preciso. E Amanda mostra que é improvável que exista compositora melhor no pop atual – entre paradinhas, senso épico, sussurros e versos tão irônicos quanto encharcados de tristeza, temas espinhosos como pedofilia ("Slide"), auto-destruição ("Bad Habit", "Girl Anachronism"), dupla personalidade ("Half Jack") e desilusão amorosa ("The Jeep Song") descem como canções de ninar.


3. The Hives – "Tyrannosaurus Hives" (Sony)

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Esse era o disco que os Hives precisavam fazer para provar que podiam ser mais do que uma máquina de punk rock com letras engraçadinhas. Ousado, "Tyrannosaurus Hives" apresenta eletrônica rudimentar ("Walk Idiot Walk"), surf music ("Love In Plaster"), baladão com jeito crooner ("Diabolic Scheme") e música para dançar ("A Little More For Little You") aos três acordes de cintura dura que o quinteto sueco sempre soube alternar. Um álbum de afirmação e de divisão na carreira.


4. Elliott Smith – "From A Basement On The Hill" (Anti – Importado)

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Ele vai fazer falta. O álbum no qual Elliott Smith trabalhava quando foi encontrado morto em Los Angeles em outubro do ano passado demonstra que o cantor e compositor norte-americano estava em grande forma criativa. Mais variado do que os outros discos do moço, "From A Basement On The Hill" vai da agressividade com auto-confiança zeppeliniana de "Coast To Coast" até a copiosa auto-comiseração de "King’s Crossing" – mergulhadas entre esses extremos, as baladas tocantes de sempre, mais ("Pretty (Ugly Before)", "Let’s Get Lost", "A Fond Farewell") ou menos ("Twilight", "Little One") ilustrativas da confusão mental que tomava Smith em seus últimos meses de vida. Música à beira do colapso e a despedida mais memorável da história recente do pop.


5. Libertines – "The Libertines" (Trama)

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A exemplo de "From A Basement...", "The Libertines" é o retrato de sons nascendo do caos. O quarteto inglês gravou seu segundo álbum num intervalo entre as brigas dos vocalistas Carl Barat e Pete Doherty, este último um junkie incurável e responsável pela implosão da banda. Tudo soa tosco, gravado às pressas, urgente, o que só dá a composições maravilhosas como "Can’t Stand Me Now", "The Man Who Would Be King" e "What Katie Did" mais brilho e frescor. Um raro caso de iminência do fim agigantando a música.


6. Morrissey – "You Are The Quarry" (BMG)

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A expectativa pela volta de Morrissey era tamanha que ele poderia ter gravado qualquer coisa. Mas o veterano cantor surpreendeu ao lançar seu melhor álbum solo – ainda que preso liricamente em alguns poucos momentos à tensão política do presente ("America Is Not The World", "Irish Blood English Heart"), "You Are The Quarry" marcou um processo de reabilitação de credibilidade e criatividade. Rocks inspirados como na época áurea dos Smiths (a própria "Irish Blood...", "First Of The Gang To Die") e as lamentações cortantes habituais ("I’m Not Sorry", "I Have Forgiven Jesus") garantiram o ano dos velhos fãs e provavelmente angariaram um novo lote de admiradores.


7. Franz Ferdinand – "Franz Ferdinand" (Trama)

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Com uma ética inatacável – "música para garotas dançarem" -, o Franz Ferdinand, da nublada Glasgow, protagonizou o momento OutKast de 2004: fez música ao mesmo tempo dançante e inteligente, capaz de agradar desde indies extremistas até os bitolados das FMs. Alex Kapranos segue a linha de grandes letristas do rock britânico (Morrissey e Jarvis Cocker são influências evidentes), o que confere a delícias encomendadas para a pista como "Jacqueline" e "Darts Of Pleasure" o tutano necessário. Em 2005, tem disco novo. Trata-se da grande e talvez derradeira chance do novo rock de se tornar realmente um sucesso planetário.


8. The Killers – "Hot Fuss" (Universal Music)


Tão dançante quanto o Franz Ferdinand, mas imerso em melancolia tipicamente anos 80, os Killers mostram que há vida em Las Vegas além dos casinos. De uma suruba musical entre Duran Duran, Smiths e New Order, surge Brandon Flowers, que canta sobre traição ("Mr Brightside"), crime passional ("Jenny Was A Friend Of Mine") e dificuldades em relacionamentos ("Somebody Told Me", "Smile Like You Mean It") com uma propriedade que lembra veteranos artesãos do pop. E os brasileiros se saíram bem: a edição nacional do CD trouxe a ótima "Change Your Mind" no lugar da chata "Glamorous Indie Rock & Roll".


9. The Thrills – "Let’s Bottle Bohemia" (Virgin)


Os Thrills só lembram coisa boa: Teenage Fanclub, Byrds, Beach Boys, Beatles. Este segundo álbum supera o disco de estréia, mas mesmo assim foi espinafrado por boa parte da crítica – que preferiu incensar enganações como Keane e The Streets. Quem for por aí vai perder uma montanha de melodias solares, lindas harmonias vocais e a oportunidade de conferir uma banda em evidente evolução: com "Saturday Night", "Whatever Happened To Corey Haim" e "Found My Rosebud" nas orelhas, você não vai precisar de nenhum mala para lhe dizer do que gostar.


10. Nervoso – "Saudade das Minhas Lembranças" (Midsummer Madness)

Ex-Acabou La Tequila e Autoramas, o carioca Nervoso soube saudavelmente atender às expectativas em seu primeiro álbum. A semelhança com Los Hermanos é facilmente destacável, mas também sentem-se fragrâncias de rock gaúcho, sem que isso represente falta de qualidade, e de Tom Waits, sem que isso signifique idiossincrasias. "Não Quero Dar Explicação", "O Mala" e "Mais Justo" poderiam tocar em qualquer FM. O melhor disco nacional num ano fraco para o rock brasileiro.


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