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Música demais

20 fev 2004 às 11:00

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Segura que lá vem o clichê: o DVD revolucionou o mercado de vídeos de música. Pare um pouco pra pensar e você vai chegar à conclusão de que não comprava tantos VHS de rock quanto compra DVDs. Hoje, não existe coletânea com clipes ou registros de shows na íntegra que chegue às prateleiras sem no mínimo algum extra vagabundo: uma bobagenzinha de bastidores, um making of.

Nessa valorização do produto, (segura que lá vem outro) ganha o cliente. Pagando um pouquinho a mais numa importadora, o indie mais fanático leva pra casa um DVD duplo do Pavement com todos os clipes da banda, um show completo e metade de outro, um documentário e cenas extras. Loucura pra mais de três horas. O produtor e compositor norte-americano Moby foi um dos primeiros artistas a perceber esse potencial maximizador do formato DVD. Em 2001, ele lançou uma versão em DVD do álbum "Play" (de 1999), onde havia de tudo, dos vídeos de divulgação do disco até apresentações na TV inglesa.

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No final do ano passado, Moby voltou à carga com "18 DVD + B Sides", que chega agora às lojas brasileiras pela EMI. O pacote traz um CD com 13 sobras de estúdio do álbum "18" (de 2002), mais o DVD, que ronda a casa das cinco horas de duração. Sim, é Moby até cansar. São ao todo quatro seções: a primeira, Moby’s TV Show, junta os clipes de "18" a entrevistas, vídeos caseiros e brincadeiras nos bastidores; Live At Glastonbury traz a íntegra do consagrador show que Moby fez no badalado festival inglês em junho do ano passado; Photo Section apresenta 300 fotos clicadas pelo artista; já a quarta seção traz apenas áudio, com músicas divididas em duas facções: 21 sobras de estúdio (entre inéditas e versões alternativas de músicas conhecidas) dos dois últimos discos de Moby e um megamix com 12 remixes de canções de "18" feitos por outros DJs.

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O DVD se propõe tão completo que chega a ser exagerado, um erro que muitos artistas tendem a cometer considerando-se as possibilidades do formato. O TV Show vale pelos excelentes clipes: a fotografia de "We Are All Made Of Stars" é belíssima, as histórias interligadas dos ETzinhos de "In This World" e "Sunday (The Day Before My Birthday)" são divertidas, e a idéia de "Extreme Ways", onde Moby aparece cantando a canção ao lado de clones seus empunhando os instrumentos, é genial.

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Mas as brincadeiras sem graça de bastidores, onde o artista ironiza metaleiros, entrevistas de celebridades e propagandas de TV no estilo "ligue ‘djá’", são tediosas e obrigam o espectador a apertar a tecla skip várias vezes. O show em Glastonbury, por sua vez, é irrepreensível. Livrando-se da pecha de eletrônico e liderando uma banda espetacular com músicos "de verdade", Moby desfia um carretel de canções memoráveis: o frenesi raver de "Go", a melancolia suplicante de "Porcelain" e "In My Heart", e até rock pesado, na citação a "I Wanna Be Your Dog", dos Stooges, e na versão de "Creep", do Radiohead. É a grande justificativa para você adquirir "18 DVD + B Sides".


O restante do DVD é mesmo para fãs ardorosos. Quem quer ver fotos tiradas por Moby? A seção de áudio traz poucas coisas notáveis, como o indie rock "E2D" e a levada macia da instrumental "Cunning" na parte de sobras. E remixes, você sabe, só servem pra dançar, nunca pra ter em casa. Aliás, fica uma questão: não é esquisito ligar o DVD pra ficar ouvindo música encarando uma tela azul? Uma caixa de CDs seria mais conveniente.

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O CD extra reflete essa irregularidade. Se os álbuns de Moby já não são perfeitos porque ele sempre opta por lançar o máximo de música possível ("18" tinha exatas 18 faixas), incluindo muita coisa que poderia tranqüilamente ter ficado de fora, não se pode esperar que seus lados B sejam grande coisa. A maioria das 13 músicas apenas recicla a fórmula que se tornou famosa em "18" e "Play", ou seja, ambient com pianos, teclados, batida monocórdica e eventuais vozes de música negra repetindo ao infinito o mesmo trecho melódico. Mais chill out, impossível.


Em meio a muita coisa esquecível ("Love Of Strings", "ISS", "Downhill"), Moby se sai bem na chorada "Afterlife", que evidencia a influência do Joy Division em seu trabalho, na instrumental e simplória "Piano & Strings", e no encerramento, "Stay", uma das poucas canções onde coloca o próprio gogó.

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"18 DVD + B Sides" teria mais acertos do que erros se seu autor seguisse a lógica de que menos pode ser mais. Infelizmente, a Moby sempre falta um pouco de humildade para reconhecer que nem tudo que faz é genial, o que acaba diluindo as qualidades de seu trabalho. Não é um DVD para fãs – infelizmente, é para fãs MUITO devotados.



LANÇAMENTOS

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Black Keys – "Thickfreakness" (Sum)


A referência imediata é o White Stripes: dupla norte-americana de brancos, apenas com guitarra e bateria, tocando blues de sotaque garageiro com uma vontade enorme de ter nascido negro. A imprensa inglesa engoliu a isca e "Thickfreakness", segundo álbum da banda, entrou em várias listas de melhores de 2003. Pena que a receita do Black Keys seja tão limitada, com uma timbragem invariável de guitarra, riffs repetidos à exaustão e uma certa apatia criativa, numa veia blues muito mais ortodoxa do que a de Jack White. A feroz "Set You Free" e a versão de "Have Love Will Travel", famosa com os Sonics, se salvam sem salvar a vida de ninguém.

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Para quem gosta de: Jon Spencer Blues Explosion, Sonics, Howlin’ Wolf.



Ryan Adams – "Rock N Roll" (Universal)

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Ora pois, acabamos de falar em exagero, e não é que aparece Ryan Adams? Desde 2000, o cantor norte-americano, ex-Whiskeytown, lança um disco por ano. Em 2003, lançou até dois: o rejeitado "Love Is Hell" saiu no exterior dividido em dois EPs, simultaneamente a este "Rock N Roll". Identificado com o alt-country, Adams aqui preferiu aumentar a guitarra para homenagear ícones do estilo do título (há referências a Stooges, Strokes, Pink Floyd, Joy Division), mas suas letras, interpretações pseudo-intensas e arranjos continuam abusando da obviedade. Tenta ser malvado, mas se aproxima de gente sem graça e inofensiva como Hootie & The Blowfish, Dave Matthews e Matchbox Twenty. Não é à toa que os críticos mais malas adoram Ryan Adams.


Para quem gosta de: Replacements, R.E.M. em crise, Bruce Springsteen.



PROMOÇÃO

Continua valendo: a banda curitibana Extromodos disponibilizou uma cópia de seu CD de estréia, "Pra Ficar" (Fan Music), pra ser sorteado entre os leitores desta coluna. Você já leu sobre eles aqui: o trio faz pop rock com apelo radiofônico, na linha de grupos estrangeiros como Matchbox Twenty. Para conhecer mais, vá ao site www.extromodos.com.br. Para concorrer ao sorteio, basta clicar na caixinha de contato com este colunista, logo abaixo, e mandar uma mensagem dizendo quais são as cinco bandas sobre quem você queria ler mais neste espaço. Você deve dar o seu recado até o dia 26 de fevereiro: o resultado da promoção sai na coluna do dia 27. Não esqueça de escrever seu endereço e telefone pra contato.


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