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Rock ameaçado

30 set 2005 às 11:00
Donahue, do Mercury Rev: trinados e afetação - Rodrigo Juste Duarte
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As circunstâncias do Curitiba Rock Festival 2005 não foram as ideais: o ingresso estava muito caro, a segunda noite foi na véspera de uma segunda-feira braba, a platéia foi esvaziada pela concorrência com o Nokia Trends (que foi realizado no mesmo fim de semana), o Tim Festival e o Claro Q É Rock. Por estas razões, o CRF deste ano chegou ao final sem o mesmo prestígio da edição de 2004, quando os Pixies levaram ao êxtase os milhares de fãs que encararam o frio na Pedreira Paulo Leminski.

No fim das contas, o menos prejudicado foi o público: se os ingressos a princípio estavam caros, minutos antes do show eram vendidos por cambistas a vinte reais. A projeção desastrada de vendas obrigou a transferência do evento da Pedreira para o Curitiba Master Hall – com som melhor, palco mais próximo da platéia e a chuva, que assolou a capital paranaense durante todo o final de semana, de castigo do lado de fora.

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Entretanto, o "encolhimento" do festival (faltando dez dias para a primeira noite do evento, apenas cerca de um terço da carga inicial de 10 mil ingressos havia sido comercializada) compromete sua capacidade de atrair grandes patrocinadores, e fica a dúvida sobre a viabilidade de um CRF 2006 à altura da edição deste ano e da de 2004. Tomara que os organizadores tenham competência para manter esta alternativa: um festival com grandes atrações internacionais que não é refém das duas maiores cidades do País, nicho necessário em qualquer pátria com uma cultura roqueira minimamente decente.

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Aguardado com ansiedade doentia, o Weezer atendeu as expectativas e a cada momento de sua apresentação em Curitiba deixava claro que não esperava a recepção que teve. Aos primeiros acordes de "My Name Is Jonas", os vocais de Rivers Cuomo foram engolidos pelos berros da massa apaixonada, entregue – coisa de deixar no chinelo o público do Los Hermanos.


O repertório, claro, teve suas escorregadas: pra que tocar música do Foo Fighters? Tudo bem que "Maladroit" (álbum de 2002) não é lá grande coisa, mas será que ele não poderia ter sido representado por uma ou duas cançõezinhas? Por que Cuomo não se esquece de vez que compôs e gravou esse álbum ridículo chamado "Make Believe" (que foi lançado em maio)?

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Os acertos, entretanto, foram bem mais numerosos. A citada "My Name Is Jonas" foi uma abertura irrepreensível, e sensacionais canções menos badaladas da banda, como "Tired Of Sex" e "Why Bother", foram recepcionadas com a mesma paixão que saudou todos os hits dos três primeiros discos. Alguns truquezinhos, como o número acústico praticamente no meio da platéia ("Island In The Sun") e o fã convidado ao palco para participar de uma música ("Undone"), foram mais emocionantes e menos demagógicos do que pareceriam na teoria. E nem a brincadeira de revezar todos os integrantes da banda nos vocais azedou a receita.


Bem menos badalados, Raveonettes e Mercury Rev (sim, acredite, o Weezer não foi a única banda que tocou no CRF 2005) fizeram apresentações igualmente competentes. Municiada por três guitarras, a banda dinamarquesa entregou seus poucos hits ("That Great Love Sound", "Love In A Trashcan", "Do You Believe Her"), explicitou a influência do Jesus & Mary Chain com muita microfonia e esbanjou simpatia, de calor nada nórdico.


Apesar das inclinações progressivas, o Mercury Rev só deixou escapar uma pontinha de pretensão nas frases de auto-ajuda que apareciam no telão. O restante – as imagens nas projeções, o virtuosismo dos integrantes, os trinados do vocalista Jonathan Donahue, que divertiu a platéia com sua afetação – ficou no ponto. O grupo norte-americano demonstrou que carrega um caminhão de belas canções embaixo do braço ("The Funny Bird", "Holes", "Vermillion", "The Dark Is Rising"), tanto que nem a ausência das espetaculares "Chains", "Car Wash Hair" e "Goddess On A Hiway" foi sentida.

Entre as atrações nacionais, num elenco bastante inferior ao das edições anteriores do festival, a Patife Band foi o destaque absoluto. Com muito peso, grunhidos e alterações inusitadas de andamento, saciou a fatia do público que não se conformava com o cano dado pelo Fantômas. Se fosse gringo, Paulo Barnabé seria tão festejado quanto Mike Patton.


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