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Rock com imagens

01 jul 2005 às 11:00
Enquanto o documentário sobre os Lips é mais família... - Reprodução
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Rock sempre combinou com documentários. A mistura já rendeu filmes antológicos, como "Gimme Shelter", retrato da turnê de 1969 dos Rolling Stones, que foi manchada para sempre pelo incidente no festival de Altamont (quando um jovem foi assassinado em frente ao palco pelos Hell’s Angels, contratados para fazer a segurança do evento), e como "O Lixo e a Fúria", sobre a trajetória dos Sex Pistols.

Dois DVDs que chegaram recentemente às lojas, "End Of The Century: The Story Of The Ramones" (Rhino/Warner), e "The Fearless Freaks" (Shout Factory – importado), este último sobre os Flaming Lips, reforçam o time dos documentários sobre bandas clássicas do 4 por 4. Os dois grupos têm pouca coisa em comum, talvez apenas o fato de que pautaram suas carreiras na longevidade (a dos Lips ainda está em andamento, vale lembrar). Seus respectivos documentários também seguem linhas diferentes: o dos Ramones é recomendado para qualquer interessado na história do rock, e o dos Flaming Lips, embora delicioso, deve agradar apenas os fãs da banda.

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Isto porque "End Of The Century", de Michael Gramaglia e Jim Fields, é mais ousado. Concluído antes da morte do guitarrista Johnny Ramone, em setembro do ano passado, por câncer de próstata, o filme não deixa de fazer o feijão com arroz, ao abordar os contornos da influência da seminal banda punk de Nova Iorque: o fascínio que sua música tosca e rápida provocou nas platéias inglesas, a recusa do mainstream ianque de acolher o vocalista Joey e seus comparsas, a adoração dos fãs sul-americanos...

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Ao mesmo tempo, "End Of The Century" fica apimentado ao avançar em pontos pouco explorados e em feridas que não cicatrizaram. A vida de michê e os problemas com drogas do baixista Dee Dee, que morreu de overdose em 2002, são comentados sem disfarces. A saída de Richie, na década de 80, é retratada como intransigência de Joey e Johnny, que se recusaram a tratar o baterista como "um ramone" na hora de dividir os lucros.

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A escolha do lendário Phil Spector para produzir o álbum "End Of The Century" (1980) é lembrada rancorosamente como sendo um mero capricho de Joey. E, por fim, o assunto mais delicado da trajetória dos Ramones é descrito sem meias palavras, numa das seqüências mais longas do documentário: o estremecimento da relação entre o vocalista e Johnny. Os testemunhos dão conta de que Joey, falecido em 2001, odiou o guitarrista até o fim da vida, porque este lhe tomou a namorada.


O episódio, aliado às convicções direitistas de Johnny, inspirou o vocalista a escrever a letra da conhecida "The KKK Took My Baby Away". Entretanto, "End Of The Century" não traz apenas amargura. O documentário fica mais descontraído graças aos muitos trechos de shows da banda, incluindo imagens das primeiras apresentações, e às divertidas declarações de Dee Dee, que, independente da época ou da situação, fala sempre com aquela dicção de quem exagerou nos aditivos...

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"The Fearless Freaks" é compreensivelmente mais chapa-branca, visto que o diretor é Bradley Beesley, amigo dos Flaming Lips e que dirige clipes da banda desde os anos 90. A intenção foi fazer um filme família: o documentário está cheio de imagens de vídeos caseiros da família do vocalista Wayne Coyne, contém uma jam do guitarrista, tecladista e baterista Steven Drozd com o pai e o irmão dele, muitos depoimentos de parentes dos integrantes da banda.


Esse clima de intimidade por vezes deixa o filme enfadonho. Por exemplo, a seqüência sobre o time de futebol americano de Coyne e seus irmãos (os tais Fearless Freaks do título) é longa, tediosa, e não oferece nenhum conhecimento relevante sobre a história dos Lips. O documentário traz apenas um momento específico de grande impacto – quando Drozd admite seu vício em heroína ao ceder uma entrevista a Beesley enquanto prepara uma dose da droga.

É o único susto (calma, logo depois fica claro que Drozd abandonou os picos) num filme que vale mais pelos relatos engraçados – é hilário o trecho que mostra como os integrantes da banda se recusaram a acreditar quando a Warner lhes ofereceu um contrato – e pelas exuberantes imagens de shows, que devem aguçar o apetite dos fãs brasileiros, que podem ver uma apresentação dos Flaming Lips até o final deste ano. Estas qualidades, somadas a inserções de ótimas canções que não foram lançadas oficialmente (algumas devem aparecer no próximo álbum dos Lips, "At War With The Mystics", que sai apenas em 2006), fazem de "Fearless Freaks" um competente documentário sobre uma banda na ativa. Sem grandes revelações, sem alarde. Para saber mais verdades, o fã vai ter que esperar o fim do grupo.


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