Uma campanha do Ministério da Justiça está nas ruas de dez grandes cidades para alertar contra um crime tão grave quanto o tráfico de drogas, mas que ainda não é percebido com grave e lucrativo: o tráfico de pessoas. Além de publicidade e folhetos, serão usadas imagens planejadas para causar surpresa em aeroportos, rodoviárias e shoppings.
Por exemplo, cubos com a imagem de uma mulher aprisionada, circularão nas esteiras de bagagem de 11 aeroportos brasileiros. A idéia é surpreender e chamar a atenção para a realidade do tratamento dado às vítimas. Haverá também instalações com a imagem em vídeo de uma atriz presa num caixote, em tamanho natural, que irá bater numa parede de vidro, de modo a mostrar o drama do cárcere privado.
Repressão
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Nos últimos 20 anos, a Polícia Federal (PF) instaurou cerca de 800 inquéritos envolvendo o tráfico de pessoas. O aumento no número de casos passou a ser substancial a partir do ano 2000, piorando com o passar dos anos e demonstrando claramente - pelo alto faturamento das quadrilhas - ser um dos males do século 21. O estado de Goiás desponta como o líder no ranking, com 147 inquéritos - maior do que São Paulo (99). Os números refletem também uma ação mais efetiva do governo no combate a essa prática criminosa.
A iniciativa inclui medidas que visam cortar o fluxo financeiro das organizações criminosas. E isso, pode ser feito via cooperação jurídica, que possibilita o bloqueio do dinheiro que elas ganham. Sem liquidez e o retorno do lucro, as organizações ficam engessadas.
O combate ao tráfico de pessoas integra os projetos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), lançado em 2007.
As ações de propaganda estão previstas para o Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Belém.
Cartazes
Também são destaques cartazes (totens) com material informativo em pontos de grande circulação de transeuntes e a aplicação de adesivos nos espelhos dos banheiros, incentivando a denúncia. Nos balcões das companhias aéreas haverá uma quantidade enorme de "displays" e folhetos informativos.
Principais vítimas são adolescentes e mulheres
O tráfico de pessoas é considerado uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo e movimenta e US 31,6 bilhões por ano, com um impacto econômico comparável ao tráfico de drogas e de armas. É um crime oportunista, que se aproveita da miséria e do desconhecimento. A maioria das vítimas está inserida em grupos vulneráveis, que, na falta total de alternativas de sobrevivência em seus locais de origem e com a promessa de melhores salários, se tornam presas ideais.
Segundo Pesquisa do escritório da ONU contra Drogas e Crime (UNODC), realizada em 115 países e publicada em 2009, as principais vítimas brasileiras são adolescentes e mulheres, em sua maioria para prostituição.