As infecções por HIV em mulheres na faixa etária de 15 a 24 anos chegam a representar 75% do total em todo o mundo, de acordo com documento lançado nesta terça-feira (24) pelo Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher dificultam a prevenção à doença.
Ao comentar os dados do Relatório sobre a Epidemia Global de Aids 2009, ela destacou que é preciso olhar para o futuro com alguma esperança, mas tendo a certeza de que o ritmo de redução da epidemia de Aids será muito menor do que o esperado. A ministra afirmou ainda que há uma "feminização" no avanço da doença no mundo.
Ao participar do lançamento do relatório, Nilcéa lembrou a dificuldade de muitas mulheres em negociar o uso do preservativo com seus parceiros, o que provoca diagnósticos tardios. Ela citou ainda o despreparo e a falta de conhecimento, além da discriminação por parte dos próprios profissionais de saúde, em relação a mulheres soropositivas.
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"Desde 2007, estratégia específica para tratar o HIV entre as mulheres inclui o acesso à informação, à prevenção, ao tratamento e inclui a desigualdade de gênero e a violência como fatores determinantes na infecção", disse.
A ministra criticou ainda a dificuldade para ter acesso ao preservativo feminino, já que o custo permanece elevado. Em 2008, segundo ela, um total de 7 milhões de unidades foram distribuídas. A expectativa para 2010 é de 9 milhões e, para 2011, de 10 milhões.
A secretaria negocia com um fabricante internacional de preservativos femininos a instalação de uma fábrica no Brasil. Segundo Nilcéa, há interesse por parte da indústria e o país poderia se tornar ponto de distribuição importante na América Latina.
Os dados sobre a incidência do HIV e da aids no Brasil serão lançados pelo Ministério da Saúde na próxima quinta-feira (26). O Unaids aponta a América Latina como a região com maior cobertura de medicamento antirretroviral – das 445 mil pessoas em tratamento, 180 mil estão no Brasil.
De acordo com a diretora do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Mariangela Simão, o orçamento deste ano para combate e tratamento do HIV/Aids é de R$ 1,4 bilhão. Por ano, os gastos com apenas um paciente soropositivo variam de US$ 670 a US$ 22 mil.
No dia 1º de dezembro – Dia Mundial da Luta contra a Aids – a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lança uma pesquisa sobre a qualidade de vida de pessoas em terapia antirretroviral.