A taxa de transmissão vertical do HIV - isto é, da mãe infectada para seu filho durante ou logo após a gestação - sem nenhuma intervenção situa-se em torno de 25,5%. No entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução dessa taxa para níveis entre zero e 2% por meio de ações preventivas, que incluem o uso de medicamentos antirretrovirais combinados durante a gravidez, promovendo a queda da carga viral materna para níveis indetectáveis. "Com o diagnóstico precoce, temos a oportunidade de começar a administrar o medicamento antirretroviral a partir da 14ª semana de gestação, reduzindo consideravelmente as chances de o bebê contrair o vírus", explica Celso Granato, assessor médico em Infectologia do Fleury Medicina e Saúde.
A transmissão do HIV da mãe para o filho acontece principalmente durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito, momentos em que pode ocorrer exposição do bebê ao sangue materno. Cerca de 65% dos casos de transmissão ocorrem dessa forma. O restante se dá ainda durante a gestação, principalmente em suas últimas semanas. Existe, além disso, o risco adicional de transmissão pós-parto, por meio do aleitamento materno. "Sabemos que entre 7% e 22% das crianças adquirem o vírus da mãe por meio da amamentação", define o especialista. Assim, as intervenções preventivas devem abranger não somente o uso de medicamentos pela mãe e pelo bebê, mas também a indicação correta da via de parto e a contraindicação da amamentação.
Dessa forma, caso seja necessário que o parto de uma gestante infectada por HIV seja realizado por um médico diferente do que a acompanhou durante o pré-natal, é importante que haja um relatório para informar suas condições clínicas e imunológicas, além de sua carga viral e dos medicamentos de que faz uso. Essas informações são fundamentais para que o obstetra possa indicar adequadamente a via de parto, que habitualmente é cirúrgico (cesariana), com data agendada antes que se inicie o trabalho de parto. Além disso, existem medidas a serem adotadas durante o parto, como a administração de medicação por via venosa para a mãe e a técnica cirúrgica preconizada nesses casos.
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O médico lembra, ainda, que os cuidados continuam após o parto. A medicação antirretroviral por via oral para o recém-nascido deve ser instituída ainda nas primeiras horas de vida e mantida durante seis semanas. "O pediatra fará um acompanhamento do bebê, que inclui a administração de medicamentos, a prevenção de doenças oportunistas e a correta indicação de vacinas," assinala Granato. O infectologista explica, ainda, que esse acompanhamento inclui exames periódicos para verificar se a criança foi ou não infectada pelo vírus. Além disso, uma vez que o bebê não poderá ser amamentado pela mãe, convém orientar a alimentação com fórmulas artificiais próprias para cada idade, associada a monitoramento minucioso do ganho de peso e altura. Todas essas medidas, em conjunto, minimizam a chance de transmissão vertical do HIV e melhoram a qualidade de vida da mãe e do bebê.