De 2000 a 2008 o total de nascimentos no Brasil apresentou uma queda de aproximadamente 10%. Essa foi uma redução verificada em quase todas as regiões brasileiras (a Norte é a única exceção) e registrada, principalmente, entre as mães mais jovens. É o que revela o estudo "Saúde Brasil", divulgado pelo Ministério da Saúde. Este ano, o estudo apresenta os temas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O total de nascimentos do Brasil passou de 3,2 milhões em 2000 para 2,9 milhões em 2008. A maior queda foi verificada no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste brasileiros. No Norte, houve aumento de 8,2% no número de nascimentos. Mas esse crescimento pode ser atribuído à melhoria da cobertura do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) – ampliada de 88% para 92% no país como o todo – e não necessariamente a um aumento real da intensidade da natalidade no Norte.
Os partos das mães mais jovens foram os que apresentaram maior redução: os grupos etários de 15 a 19 anos e de 20 a 24 concentraram 93% desta queda. No entanto, a fecundidade do país como um todo ainda é muito precoce: do total de partos registrados em 2007, 20% foram de mães com idades entre 15 e 19 anos e 29%, na faixa dos 20 aos 24. As regiões Norte e Nordeste são as que têm o maior número de partos nas faixas etárias mais jovens.
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"Mas esta é uma realidade que começa a mudar. A partir de 2003, aumentou a idade média das mães no momento do parto, revertendo a tendência de aumento da fecundidade nas mulheres muito jovens observada nas décadas anteriores", afirma o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde, Otaliba Libânio Neto.
O estudo verificou um crescimento no total de partos de mães com idades entre 25 a 34 anos a partir de 2003. No ano seguinte, esse aumento migrou para as faixas etárias mais avançadas. Com isso, a idade média das mães brasileiras aumentou de 25,1 anos em 2000 para 25,7 em 2007. O fenômeno ocorre especialmente no Sul e Sudeste: onde as proporções de nascimentos de mães com idades entre 30 e 39 anos são superiores as das demais regiões do país. As taxas de fecundidade (total de filhos por mulher) também expressam as diferenças regionais (ver tabelas 3 a 5).
Mais pré-natal
O número de consultas de pré-natal é um dos indicadores de como anda o acesso aos serviços de atenção à saúde de mães e filhos. Seu acompanhamento é fundamental para garantir uma gravidez saudável e de baixo risco. Entre 2000 e 2007, houve um aumento da proporção de mães com sete ou mais consultas de pré-natal. "Subiu de 43,7% para 55,8%, o que indica melhoria na atenção à saúde materno-infantil no país", revela Otaliba Neto.
No Sul e Sudeste, essa taxa passou de 52% (em 2000) para 69% e 72%, respectivamente, em 2007. No Centro-Oeste, de 51% para 62%. No Norte, foi detectada a menor variação, com aumento de 31% para 40%. "O estudo apontou que, além das diferenças regionais, o acesso à atenção à saúde materno-infantil está relacionado à escolaridade das mães, entendida como uma variável que mede também o nível sócio-econômico das mulheres. Quanto maior a escolaridade, maior a proporção de mulheres que tiveram mais consultas", completa Otaliba.
Enquanto 79% das mães com 12 anos ou mais de estudo fazem sete ou mais consultas; o percentual cai para 37% das mulheres com 1 a 3 anos de estudo e 27% sem nenhum estudo. Uma em cada três mães (cerca de 30%) sem nenhum estudo fizeram, no máximo, três consultas em 2007.
Cesarianas
A escolaridade das mães também tem relação direta com o número de cesarianas realizadas no Brasil, que passaram de 38% a 47% de 2000 para 2007. Enquanto o menor número está entre mães com baixo nível de escolaridade e nas regiões Norte (15%) e Nordeste (17%), as maiores proporções são entre mães com 12 anos ou mais de estudo das regiões Sudeste (76%), Sul (75%) e Centro-Oeste (77%). "Esses dados nos fazem concluir que é preciso fortalecer a campanha pela redução de cesárias desnecessária. O número de partos cesáreos aumentou em todas as regiões entre 2000 e 2007", observa Otaliba Neto.
Baixo peso ao nascer
O baixo peso ao nascer (menos de 2,500 gramas) é o fator de risco mais importante para a mortalidade infantil, principalmente para o componente neonatal precoce. O Saúde Brasil faz uma relação entre esse índice e o tipo de parto.
O Sul e o Sudeste têm alto índice de partos cesáreos e de bebês com baixo peso. Menores percentuais de bebês com baixo peso estão localizados em regiões com menor incidência de partos cesáreos – Norte e Nordeste (ver tabelas 9 e 10). Estes resultados levantam a hipótese de que o elevado número de cesáreas pode estar contribuindo para o aumento do baixo peso nas regiões Sul e Sudeste, conforme já apontam outros estudos publicados no Brasil.