As regras para o transporte de crianças, que entram em vigor nesta quarta-feira (1), vão precisar reverter um comportamento já enraizado na sociedade brasileira, segundo uma pesquisa desenvolvida pela organização não-governamental (ONG) Criança Segura. O estudo apontou que apenas 32% das famílias transportam seus filhos de até dez anos em dispositivo adequado - cadeirinha, bebê conforto ou booster. E esse grau de descumprimento é registrado em todas as camadas da população, não importa o nível de renda.
Para a pesquisa foram entrevistadas cerca de 500 mães em Curitiba, Brasília, Manaus, Recife e São Paulo. Além da segurança no transporte das crianças, foram avaliadas a percepção e o comportamento das mães sobre os riscos de acidente e violência vivenciados por seus filhos.
Cadeirinha
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Com a entrada em vigor da nova norma sobre o uso de dispositivos apropriados para transporte de crianças em veículos, a pesquisa estabeleceu um recorte específico sobre o assunto. Considerando o total de mães entrevistadas, 40% transportam seus filhos em automóveis. Deste número, apenas 32% declararam possuir um dispositivo adequado para o transporte dos pequenos. Os motivos de utilização divergem em inúmeros casos: 92% possuem por questão de segurança, 17% possuem por ser de uso obrigatório e 9% para proporcionar maior conforto às crianças.
Quanto aos motivos para a não utilização da cadeirinha, 67% responderam que a criança não está mais na idade de usar o equipamento, 26% disseram que a criança é transportada no banco traseiro com o cinto de segurança, 7% que não possuem carro e 5% que valor da cadeirinha é muito alto.
Nesta quarta começa a fiscalização e autuação dos motoristas que descumprirem a regra estabelecida por meio da Resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que torna obrigatório o transporte de crianças com até 7,5 anos em equipamentos de segurança, como bebês-conforto e cadeirinhas de elevação. Quem descumprir a norma receberá multa de R$ 191,54 e mais sete pontos na carteira de motorista, pois a infração é considerada gravíssima.
Riscos
Metade das mães entrevistadas acredita que seus filhos correm mais riscos de acidentes fora de casa, embora este dado seja contraditório: queimaduras e quedas, que comumente acontecem dentro de casa, representam os riscos mais presentes na mente das mães (33% e 21% respectivamente). Queimaduras também foram consideradas o tipo de acidente que mais pode ser prevenido (90% das mães).
Os riscos ligados à violência (balas perdidas, más influências, lesões intencionais) apresentaram os maiores índices de preocupação entre as mães se comparados aos acidentes. Dados do Ministério da Saúde mostram, porém, que até os 14 anos, crianças morrem aproximadamente 6 vezes mais de acidentes do que de violência.
Acidentes
Segundo as entrevistadas, a queda foi o acidente mais vivenciado pelos filhos. Tais constatações refletem uma realidade que é o principal motivo de hospitalização por acidentes de crianças e adolescentes no Brasil. O maior número de quedas, segundo a pesquisa, ocorre com crianças de 1 a 4 anos. Um fato curioso é que acidentes de bicicleta (o segundo mais vivenciado) vitimou crianças de 5 a 9 anos em 45% dos casos.
Quando questionadas sobre a presença de um responsável, evitando que os acidentes ocorressem, as mães afirmaram que (em 89% dos casos) a criança não estava sozinha. De modo geral, todas justificam também o fato de acidentes serem comuns e sem previsão de acontecimento.