Médicos dinamarqueses descobriram que mães que haviam bebido 4, 5 ou mais drinques por semana durante a gravidez, interferiram diretamente na quantidade de esperma produzida por seus filhos, posteriormente. Segundo os pesquisadores, vinte anos após o nascimento destes meninos, a concentração do esperma destes homens foi um terço menor em comparação às amostras seminais de homens que não foram expostos ao álcool, enquanto estavam no útero materno.
A quantidade da bebida que pode interferir na fertilidade masculina foi determinada pelos estudiosos, liderados por Cecilia Ramlau-Hansen, integrante do Departamento de Medicina Ocupacional do Hospital da Universidade de Aarhus, na Dinamarca: 12 gramas de álcool, o equivalente a 330 ml de cerveja, um copo pequeno (120 ml) de vinho ou um copo de aguardente (40 ml).
Os pesquisadores analisaram, para o estudo dinamarquês Healthy habits for two, dados de 347 filhos de 11.980 mulheres com gestações únicas. As mães responderam a um questionário sobre o consumo de álcool, estilo de vida e saúde na 36ª semana de gravidez. Os filhos destas mulheres foram acompanhados, entre 2005 e 2006, quando atingiram idades entre 18 e 21 anos. Foram realizadas coletas de amostras de sêmen e sangue.
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Para fazer a pesquisa os jovens foram divididos em quatro grupos a começar pelo grupo menos afetado pela bebida. Neste caso a mãe bebia um drinque por semana ou menos. (Este foi o grupo usado de referencia em relação aos demais grupos avaliados). Os filhos cujas mães beberam de 1 a 5, 2 a 4, 4 a 5 ou mais drinques por semana apresentaram concentrações médias de esperma de 25 milhões por mililitro, enquanto os filhos que foram menos expostos ao álcool apresentaram concentrações de espermatozóides de 40 milhões / ml.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como "nível normal" de concentração espermática 20 milhões/ml ou mais. De acordo com Cecilia Ramlau-Hansen, "a baixa concentração de espermatozóides nos homens mais expostos ao álcool está bastante próxima do limite mínimo que a OMS define para a fertilidade masculina. A probabilidade de concepção aumenta com a concentração espermática. Portanto, é possível que homens mais expostos ao álcool pudessem ser menos férteis do que os menos expostos", conclui.
Para a pesquisadora, "como o estudo foi observacional, não podemos dizer com certeza que o álcool é o responsável pelo menor concentração de espermatozóides. É muito provável que a ingestão de álcool durante a gravidez tenha efeitos nocivos sobre a formação dos tecidos fetais produtores de esperma, o que provocaria a baixa qualidade do sêmen na vida adulta. Ainda assim, o estudo é pioneiro, mas outras pesquisas neste campo precisam validar o nexo de causalidade que encontramos para serem criados limites para a ingestão de álcool durante a gestação", afirma a estudiosa.
Os pesquisadores investigaram também se o consumo de álcool pelo pai poderia ter algum efeito sobre a produção espermática dos filhos. "Investigamos a associação entre a ingestão de álcool total dos pais e a qualidade do sêmen dos filhos e descobrimos que a ingestão de álcool paterna não foi associada com o volume de sêmen ou a concentração de espermatozóides", informou Cecilia Ramlau-Hansen.
O consumo de álcool durante a gestação
Segundo Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA de restauração da fertilidade, "a ingestão de álcool durante a gestação, eventualmente, provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada Síndrome Alcoólica Fetal. Não há nenhum estudo que assegure existir uma quantidade segura para a ingestão de álcool, durante a gravidez".
Ao contrário do que se pensava antes, os efeitos nocivos do álcool não se fazem sentir apenas no primeiro trimestre da gestação, período crucial para o desenvolvimento embrionário. Um estudo norte-americano mostrou que o abuso de bebida durante o segundo trimestre está associado à dificuldade dos filhos para aprender a ler e a escrever.
"Agora, com o estudo dinamarquês, acrescentamos outra razão para insistir na proibição de álcool durante a gestação pelas mulheres. Se a pesquisa dinamarquesa revelou que o consumo de álcool materno é uma das causas da baixa concentração de sêmen na descendência masculina, podemos estar mais perto de uma explicação para um fenômeno atual: o porquê a qualidade do sêmen pode ter diminuído, nas últimas décadas, em alguns grupos populacionais. Se a exposição ao álcool na vida fetal provoca baixa qualidade seminal na vida adulta, populações onde as mulheres grávidas consomem muito álcool apresentariam, de uma maneira geral, baixa fertilidade masculina, em comparação com populações onde as mulheres grávidas não bebem", explica o médico.
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