Em 2010, uma atriz do seriado Glee – famoso por abordar temas como a autoaceitação do adolescente – causou um grande reboliço ao declarar que havia feito aplicações de botox e um tratamento de endurecimento da pele chamado Thermage. A justificativa da atriz – "queria um olhar fresco diante das câmeras" – provocou a reação de médicos, fãs e de outros participantes da série exibida pela Fox.
De um lado, médicos, especialistas em educação infantil e outros - incluindo a
revista New York e Psychology Today – consideraram lamentável a mensagem
enviada para os jovens fãs de Glee.
Do outro lado, os números mostram que a atriz não está sozinha: segundo a
Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, em 2009, a toxina botulínica, foi
injetada em americanos com idades entre 13-19 quase 12.000 vezes. Há nesta
estatística, adolescentes que receberam doses múltiplas do medicamento. Os
números representam um aumento de 2% em relação a 2008.
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É desnecessário dizer que adolescentes não têm rugas, razão mais comum para
a aplicação da toxina botulínica. Nos Estados Unidos, ninguém sabe dizer se os
adolescentes recebem injeções de toxina botulínica por razões médicas ou
estéticas. Os limites para esta prática não são bem delimitados: o produto pode
ajudar no tratamento de problemas físicos - como dores na articulação e na
mandíbula - e a melhora na aparência do paciente poderia ser um efeito
colateral.
De acordo com as indicações médicas, a toxina botulínica é aprovada pelo FDA -
the Food and Drug Administration - para ser usada terapeuticamente em
crianças a partir dos 12 anos que apresentem contração anormal dos
olhos/pálpebras ou em casos de estrabismo. Também pode ajudar pacientes, a
partir dos 16 anos, que apresentem contração involuntária dos músculos do
pescoço, e pessoas de 18 anos em diante a combater a transpiração excessiva.
A polêmica, porém, é derivada do uso off-label da toxina botulínica por crianças
e adultos jovens. Por lá, os médicos estão injetando a droga em adolescentes
para uma variedade de imperfeições percebidas: desde um sorriso demasiado
largo, que revela toda a gengiva, até uma mandíbula muito quadrada, que
precisa ser reduzida...
"O uso off-label da toxina botulínica, como a que está sendo feita nos Estados
Unidos, pode provocar a paralisia dos nervos faciais, o enfraquecimento da
capacidade de mastigação, a formação de um sorriso assimétrico e ainda o
comprometimento da fala", alerta o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
O Brasil é o segundo país em número de aplicações de toxina botulínica,
perdendo apenas para os Estados Unidos, onde são registradas mais de 2,5
milhões de sessões anuais, e os pacientes aumentam cerca de 5% ao ano.
O engano por parte dos adolescentes
Alguns adolescentes, equivocadamente, pensam que podem evitar rugas com a
aplicação da toxina botulínica. No Reino Unido, a classe médica divulgou um
manifesto, o Teen Toxing, lembrando os adolescentes que a toxina botulínica
não impede o envelhecimento natural.
Apesar do registro da aplicação em adolescentes, principalmente fora do Brasil,
não é recomendada a aplicação do medicamento antes dos 25 anos. "Não existe contraindicação, mas não há necessidade. Em alguns casos, é possível aplicar a toxina botulínica como forma de prevenir marcas futuras, analisando fatores genéticos, como pés de galinha muito evidentes e precoces em pais ou outros membros da família", diz Ruben Penteado.
O médico conta que, em muitos casos, é muito difícil para os pais imporem
limites aos filhos, mas eles são necessários. E cada família lida com estes
conflitos de maneira distinta. Quanto ao papel do médico neste processo, o
cirurgião defende que "a insatisfação que o adolescente relata com o próprio
corpo deve ser encarada com critérios médicos, para que haja uma indicação
precisa da intervenção estética. É necessário também avaliar a maturidade física
e emocional do adolescente", diz.
Serviço:
www.medintegrada.com.br
http://dicadebeleza.wordpress.com