Mulheres obesas têm um risco substancialmente maior de complicações após a cirurgia de redução de mamas. As informações são de um estudo - The Impact of Obesity on Breast Surgery Complications - publicado na edição de novembro do Plastic and Reconstructive Surgery, o jornal oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
A obesidade está associada a uma chance quase doze vezes maior de complicações pós-operatórias da mama após procedimentos eletivos, conclui o relatório de Catherine Lee Chen, da The Johns Hopkins University School of Medicine, em Baltimore. Os resultados sugerem que a qualidade do cirurgião e do local onde a cirurgia é realizada são fatores importantes para diminuir os riscos associados com a cirurgia plástica em pacientes obesas.
Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores analisaram dados de reivindicação de seguro de cerca de 8.000 mulheres submetidas à cirurgia de mama eletiva, entre 2002 e 2006. Dos 8.000 registros analisados, 2.400 (30%) eram de mulheres obesas. Para cada tipo de procedimento, as taxas e tipos de complicações de mulheres obesas foram comparadas com de mulheres não-obesas.
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No geral, cerca de 18% das mulheres obesas apresentou uma solicitação de seguro para cobrir uma complicação após a cirurgia de mama, em comparação a 2% das mulheres não-obesas. Após o ajuste para outros fatores, o risco de complicações foi 11,8 vezes maior para pacientes obesas.
A diferença foi mais pronunciada para as complicações que envolvem inflamações: mais de 20 vezes maior do que em mulheres não-obesas. Mulheres obesas apresentaram também maior risco de muitos outros tipos de complicações, tais como dor, infecção, seromas e/ou hematomas após a cirurgia.
Como a análise limitou-se a procedimentos cobertos pelo seguro de saúde, nos Estados Unidos, a amostra não incluiu mulheres submetidas a procedimentos de cirurgia plástica estética, tais como o aumento dos seios. Mais de 80% das mulheres obesas no estudo foram submetidas à cirurgia de redução de mama, assim como 64% das mulheres não-obesas. O procedimento mais realizado foi a reconstrução da mama, realizada em 10 % de mulheres obesas e em 24 % das mulheres não-obesas.
Aumento da obesidade e consequências cirúrgicas
A taxa de obesidade tem aumentado rapidamente, nas últimas décadas, no mundo todo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) mostrou que no Brasil, 20% da população entre 10 e 19 anos, 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos estão acima do peso. O IBGE segue os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na conceituação de sobrepeso (Índice de Massa Corporal superior a 25%) e obesidade (IMC superior a 30%). Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a obesidade já atinge 40% da população brasileira.
"Embora os efeitos da obesidade sobre a saúde já tenham sido estabelecidos - hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, dislipidemia, artroses, varizes e síndrome metabólica - o seu impacto, a curto prazo, sobre os resultados cirúrgicos ainda não foram quantificados", observa o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Segundo o médico, o excesso de peso corporal traz ao organismo um estado de sobrecarga que pode dificultar a recuperação do paciente após cirurgias de médio e grande porte.
"A obesidade dificulta a mobilização e a deambulação nos primeiros dias de pós-operatório, o que pode propiciar o acúmulo de secreções pulmonares, além de aumentar o risco de trombose. Há também um aumento significativo do risco de infecções na incisão cirúrgica nos indivíduos obesos, em relação à população em geral. Por isto, para as cirurgias eletivas, recomendamos que pacientes com índice de massa corporal acima do normal procurem orientação médica para emagrecimento, antes do procedimento", informa Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Além do risco cirúrgico aumentado, os pacientes obesos podem apresentar problemas também em relação ao resultado final da cirurgia. "A expectativa destes pacientes frente aos resultados pode ser frustrada. O paciente sempre espera o melhor resultado estético possível quando realiza uma cirurgia plástica, mas a condição pré-existente de obesidade irá desfavorecer o resultado final", diz o diretor do Centro de Medicina Integrada.
No caso da lipoaspiração, por exemplo, as grandes retiradas de gordura são contra-indicadas e limitadas em até 7% do peso corporal, portanto é provável haver sobra de gordura. "Nos procedimentos com ressecção de pele, como a abdominoplastia ou a mamoplastia, maiores cicatrizes serão necessárias por haver mais pele e mais flacidez. E se a paciente optar por reduzir seu peso, após a cirurgia, é comum uma piora na flacidez da pele, o que resulta em perda do resultado estético, seja numa lipoaspiração ou em procedimentos com retirada de pele ", destaca o cirurgião plástico.
Serviço:
www.medintegrada.com.br
twitter.com/#!/rubenpenteado
dicadebeleza.wordpress.com