É comum nos depararmos com pessoas mais insatisfeitas e mais críticas em relação ao resultado da sua cirurgia plástica. Desta insatisfação, geralmente, surge uma segunda cirurgia, chamada de retoque. "Talvez, um dos motivos para a insatisfação, após a cirurgia, seja o excesso de informação colhida de fonte não credenciadas.
Por exemplo, há diversos sites na Internet que descrevem com minúcias o que seria 'um nariz perfeito', após uma rinoplastia, ou um 'rosto rejuvenescido', após um lifting facial. Este tipo de informação não ajuda o paciente. O que auxilia antes da realização da plástica é expor adequadamente seus anseios aos cirurgião plástico, para que ele possa ajudá-la a minimizar o seu descontetamento, após a cirurgia", explica o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Não temos no Brasil dados específicos que apontem o número de cirugias de retoque, mas estas cirurgias são realizadas em larga escala, tanto para correção de "um resultado aquém da expectativa do paciente", quanto para uma intervenção em complicações imediatas, como um hematoma, ou sangue acumulado debaixo de uma incisão fechada, por exemplo.
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"Os motivos para uma reoperação variam, dependendo do procedimento. No caso da rinoplastia, por exemplo, que é uma cirurgia delicada, difícil e com muitas variáveis, mesmo nas melhores mãos - profissionais que só fazem rinoplastia - ainda há uma taxa de retoques grande", diz o médico, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirugia Plástica.
Muitos cirurgões plasticos se recusam a enfrentar rinoplastias secundárias ou terciárias, e, às vezes, os pacientes que procuram essas operações se sentem injustamente rotulados de "muito exigentes". "O desejo de uma nova rinoplastia pode ser motivado por uma piora na qualidade da respiração; por alguma deformidade pós-operatória; pelo fato do paciente 'nunca atingir seu objetivo' , e, por último, pelo paciente 'ter atingido o seu objetivo', mas não ter gostado da mudança", diz Ruben Penteado.
Todos estes problemas pós-cirúrgicos podem ser resultado de falta de comunicação entre o paciente e o médico. "Comunicação é o cerne da questão. O que o paciente tem em mente é difícil de descrever, de tornar-se concreto. Por exemplo, diante da afirmação 'quero diminuir um pouco o meu nariz', quanto é um pouco?", questiona o cirugião plástico.
Em tempos em que muita publicidade cria expectativas irreais, "é preciso explicar aos pacientes que não existe procedimento rápido, simples e indolor. Todas essas frases de efeito são muito boas para o comércio, mas não servem para cirurgia plástica", conta Ruben Penteado.
Pequenas melhorias que não duram...
Outro problema, apontado pelo diretor do Centro de Medicina Integrada, para a ocorrência de tantos retoques, após a plástica, são a realização de diversos "mini procedimentos", que não têm a menor eficácia. A ideia vendida é que "o mini lifting e a mini lipo exigem pouco do paciente no pós-operatório. No entanto, eles não têm a menor longevidade. São, na verdade, 'iscas' para a realização de vários procedimentos", conta o médico.
Outro alerta:
"Você recebe pelo que você paga, e, muitas vezes, vejo pacientes muito insatisfeitos com o resultado de procedimentos realizados em locais onde o preço é uma grande preocupação. A filosofia de trabalho dos cirurgiões plásticos varia muito. Por isso é fundamental ouvir mais de uma opinião, principalmente, antes de uma reoperação", alerta Ruben Penteado (com MW-Consultoria de Comunicação).