O rosto reflete a passagem do tempo, mas também hábitos cultivados ao longo dos anos. É nele que percebemos o impacto de agentes externos como a exposição excessiva aos raios solares, o cigarro, a bebida e a alimentação inadequada.
As consequências dessas agressões ao organismo, somadas ao envelhecimento natural, podem comprometer a vaidade de qualquer um, o que justifica o aumento na procura por tratamentos estéticos, principalmente nesta época do ano. E esse apelo à beleza, cada vez mais precoce e ''urgente'', impulsiona também as pesquisas em benefício da estética.
Para a médica dermatologista Lígia Márcia Martin, que acompanha o progresso da medicina nos tratamentos contra rugas, manchas, flacidez, ressecamento e queda de cabelos, cada caso depende de diversos fatores. ''Não é possível definir um procedimento específico para cada necessidade. Hoje o tratamento é global. Não podemos falar em tratamento de face como uma técnica só, pois o que existe é uma somatória. Por isso, os profissionais geralmente trabalham com uma proposta de terapia combinada para cada caso'', explica.
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Peelings fracionados
O inverno, segundo Lígia, é a época adequada para os peelings. Dos superficiais aos mais profundos, o que irá determinar a indicação da técnica é o problema a ser tratado, o benefício esperado, a condição da pele do paciente e o tempo de convalescença. ''A novidade nessa área são os peelings fracionados, que podem ser feitos a cada 15 dias, evitando o afastamento do paciente de suas tarefas diárias'', garante.
No segmento de cremes, o ácido retinóico vem se firmando por sua eficácia contra os efeitos do tempo porque estimula a produção de colágeno, garantindo muitos benefícios à pele. ''Dentro das terapias combinadas, não dá para abrir mão desse ácido para uso tópico, sempre aplicado à noite'', garante.
Outra técnica que ganha nova proposta é a toxina butolínica, que inibe a contração dos músculos da face e retarda e atenua as rugas, principalmente as de expressão. Lígia explica que a tendência hoje é manter um ''look mais descansado e natural'', sem interferir muito na expressão. ''O que tem mudado é a forma de atenuar rugas e vincos faciais, pois o procedimento ganhou objetivos muito mais definidos, melhorando inclusive o contorno de face, o que antes não era possível'', ressalta ela, que confere progresso também à técnica de preenchimento com ácido hialurônico. ''Antes, era de uso mais restrito; agora, já pode ser utilizado para melhorar proporções de diversas regiões do rosto'', observa.
Já para tratar ressecamento e queda de cabelo surgiram hidratantes isolados ou combinados, xampus, loções e medicamentos orais e tópicos para cada tipo de problema. Porém, ainda não existe uma substância definitiva para a calvície. Segundo a dermatologista, é muito comum somar dois ou três medicamentos para solucionar a queda de cabelo (no caso de doença); ou amenizar a queda (quando a causa é genética).
''Porém, independentemente dos problemas estéticos e das técnicas usadas, nenhum procedimento permite que o paciente deixe de usar o protetor solar. O sol ainda é o maior inimigo da pele'', afirma.
Futuro promissor
Para a dermatologista, o futuro da estética tende a evoluir muito em termos de custo, quantidade de benefícios, tipos de toxinas, aplicação e redução do tempo de afastamento das atividades cotidianas.
Ela acredita que resultados cada vez mais naturais e duradouros estão a um passo da realidade, através de tratamentos que prometem ser menos invasivos e mais eficientes. Entre as inúmeras técnicas, a dermatologista afirma que o laser é o que mais irá evoluir na área de dermatologia.
''Acredito que esses equipamentos serão cada vez menos agressivos e mais eficientes em procedimentos como depilação, manchas, vasinhos, cicatrizes, celulite, estrias, rugas e até flacidez. Com o advento de tecnologias avançadas e mais lasers no mercado, cada vez mais eficientes e seguros, seu uso também será mais democrático. O que antes era algo proibitivo em termos de custo, hoje está se tornando mais acessível'', argumenta.
Cultivo de células
O grande avanço na área de rejuvenescimento cutâneo, porém, é a terapia celular. Ainda em fase experimental, a técnica elimina rugas e dá mais firmeza à pele do rosto, colo, pescoço e mãos, através da aplicação de fibroblastos, células presentes na segunda camada da derme, responsáveis pela produção de colágeno e elastina.
A técnica é baseada no cultivo de um fragmento de pele colhido do couro cabeludo, na região da nuca. Desse material são retirados os fibroblastos, que são submetidos a um processo de multiplicação. Depois de cultivadas, eles injetados na derme do paciente em algumas sessões. O resultado não é imediato (o pico é atingido em seis meses). Como é um procedimento novo, não se sabe ainda o tempo que vai durar seu efeito. Mas já se sabe que sendo as células do próprio paciente não ocorrem reações alérgicas nem rejeição. Já o custo estimado ainda é muito alto - cada sessão varia de 10 a 45 mil reais.
A dermatologista Ligia Martin adverte que o procedimento está em fase de experimentação e, portanto, ainda inacessível à população. ''Acredito que a técnica só será autorizada dentro de cinco anos. A própria Sociedade Brasileira de Dermatologia afirma que ainda não existe uma indicação precisa para esse tratamento. É uma promessa'', afirma.