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Guarani e Kaingang

Estudantes indígenas da UEL publicam livro sobre experiências pessoais

José de Arimathéia/Agência UEL
28 abr 2020 às 11:40

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- Reprodução/Agência UEL
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"Um grito de resistência". Assim se define a obra "TETÃ TEKOHA - 'G T', 'G JYKRE TÓ, V'SÓG KI", publicada por 10 jovens indígenas de etnias Guarani e Kaingang, estudantes e egressos da Universidade Estadual de Londrina. Eles integram o projeto "Palavra Indígena", que buscou transformá-los em autores de sua própria História, com relatos em primeira pessoa, estilo próprio e sentimentos pessoais, valorizando sua ancestralidade, identidade e presença nos dois mundos: aldeia e cidade.

O título é composto pelas duas línguas maternas dos autores. "TETÃ TEKOHA" significa "cidade-aldeia" em Guarani; "'G T' 'G JYKRE TÓ V'SÓG KI" é Kaingang e se traduz por "nossa história contada por nós mesmos". Exatamente a tônica do projeto, que surgiu por meio de edital do Programa de Incentivo à Cultura (PROMIC) em 2019, idealizado e coordenado pelas psicólogas Marina Miyazaki Araujo, Vivian Karina da Silva e Flávia Verceze, além da aluna indígena Eliane Cordeiro da Costa. O objetivo do livro foi trazer a história de resistência do povo indígena e contribuir com a trajetória dos estudantes indígenas.

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Os autores partiram então da experiência na Universidade, espaço tanto para adquirir e aprofundar conhecimentos científicos úteis a seu povo, quanto para observar e questionar um processo cultural vertical que torna socialmente invisíveis os indígenas, assim como outros grupos.

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Foi o que disse, por exemplo, Alexandro Silva (etnia Guarani Nhandewa), um dos autores, e aluno do curso de Ciências Sociais: "São relatos das nossas vivências e percurso na UEL, o que isso implica na nossa vivência indígena na cidade, e como sentimos isso em relação a nossa aldeia, as diferenças, desafios, perspectiva do ser indígena na cidade e na aldeia. Em meio estes relatos também trazemos as memórias dos nossos antepassados. E a cada página escrita é seguida por um grafismo indígena, símbolo da nossa resistência indígena", descreve.

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E vai além: "A obra é inédita, pois nós, estudantes da UEL, fomos os primeiros indígenas do meio universitário a escrever um livro durante o percurso universitário, contribuindo assim para a literatura indígena. Ou seja, todos os indígenas são autores", explica.


Voz


Segundo Lizandra Magon de Almeida, diretora editorial da editora Pólen, a proposta foi aceita de imediato, pois trabalha justamente com enfoque na diversidade de temas e autoria. "Essa é a nossa missão: apresentar ao público livros que tragam à discussão a voz de pessoas que têm muito a dizer e nem sempre têm acesso para publicar seus trabalhos", comenta.
Os demais autores são: Ana Lúcia Ortiz Martins, etnia Guarani (Awa Guarani), do curso de Psicologia; Débora Silva, etnia Kaingang (Odontologia); Felipe Zamboni, etnia Guarani Nhandewa (Medicina); Jaqueline de Paula Sabino, etnia Kaingang (formada em Geografia); Rodrigo Luís Tupã, etnia Guarani (Awa Guarani), do curso de Medicina; Uerique Gabriel Matias, etnia Guarani Nhandewa (Educação Física); Valéria Lourenço Jacintho, etnia Guarani Nhandewa (Medicina); Tiago Pyn Tánh Almeida, da etnia Kaingang (Geografia); e Yago Junio dos Santos Queiroz, etnia Fulni-o/Kaingang (formado em Jornalismo).

Ainda não há previsão de lançamento, mas o livro pode ser adquirido no site da editora Pólen . A obra pode ser adquirida avulsa ou em combo com outra de temática indígena. O projeto prevê tiragem de 200 exemplares e distribuição em escolas das aldeias do Paraná e bibliotecas. A Secretaria de Cultura de Londrina receberá 10% do total.


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