Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Visibilidade

Gari vai uniformizado a defesa de TCC em faculdade de Goiânia

Marília Assunção - Agência Estado
29 ago 2019 às 13:13

Compartilhar notícia

- Reprodução/Facebook
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Quem viu o gari Luciano Magalhães Diniz, de 44 anos, no dia em que ele defendeu seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) mal notou que ele era estudante. Nos corredores da faculdade particular onde estudou Jornalismo em Goiânia, ele compareceu no dia decisivo com seu uniforme de trabalho, de camisa laranja com listras fosforescentes e calça verde. O tema da pesquisa: justamente a invisibilidade da própria categoria.

"Sempre me preocupei primeiro em pagar a escola dos meus filhos. Não acreditava que o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) seria possível para mim pelas exigências do programa", disse. Foi em 2006 que Diniz foi aprovado em concurso da Comurg (Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia) e se dedicou à jardinagem.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


"Passei a enxergar uma cidade que a gente olha, mas não vê. Queria ser um caminho para mostrar o valor do que um gari faz", conta.

Leia mais:

Imagem de destaque
Nova lei

Câmara aprova proibição de celulares em escolas do país

Imagem de destaque
Previsão da ONU

La Niña ainda pode ocorrer em 2024, mas sem força para reverter aquecimento, diz agência

Imagem de destaque
53% dos colégios aptos

Paraná pode ter 95 colégios dentro do programa Parceiro da Escola a partir de 2025

Imagem de destaque
Confirmado

2024 é o ano mais quente da história da humanidade, calcula observatório Copernicus


Diniz passou a fotografar os jardins que os trabalhadores de limpeza cuidam. Mas ele próprio acabou notado e foi remanejado para a assessoria de imprensa da companhia. Quando foi buscar cursos de fotografia, sentiu vontade também de escrever.

Publicidade


Mulheres garis


Após se matricular em Jornalismo na Faculdade Sul-Americana (Fasam), ele se viu seduzido pela necessidade de um olhar positivo sobre as garis. "Elas se organizam, têm casa, ajudam a comprar o carro da família, cuidam dos filhos e netos, das plantas e das praças e se orgulham disso", afirma Diniz. "Saem cantando pela rua, mesmo quando alguém nega um copo de água limpa."

Publicidade


Intitulada "Sou Mulher, Sou Gari", a pesquisa busca retratar a alma feminina, saber o que ela representa para sua família e para a sociedade em geral e mostra como as trabalhadoras sobrevivem com o salário que ganham.


"Ao passar por uma gari, poucos sabem que elas são vaidosas e também estão cheias de sonhos e realizações pessoais com uma história de alegria e muitas conquistas", afirma.

Publicidade


Diniz espera que o TCC mostre para a sociedade não só a importância do trabalho das garis, mas também que possa levar à reflexão quanto aos hábitos de discriminação e preconceito para desmantelar o machismo.


"Meu trabalho mostra um lado pouco conhecido dessas profissionais, contado por elas mesmas. Também como elas encaram esse trabalho com muita naturalidade, suas vaidades por trás do uniforme e a independência financeira que conseguiram ao longo da caminhada", afirma o gari e jornalista.

Para o TCC, Diniz ouviu e fotografou 30 depoimentos de garis de Goiânia. As mulheres somam quase 2,7% do total dos trabalhadores de limpeza urbana da Comurg. Segundo a prefeitura, essas funcionárias percorrem em média 3,6 quilômetros lineares por dia, com jornada de 44 horas semanais, empurrando um carrinho com capacidade para 150 litros e que pesa 22 quilos quando está vazio.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo