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Para estudar crônicas

Professora é atacada em Primeiro de Maio por usar livro de Luis Fernando Veríssimo em sala de aula

Luís Fernando Wiltemburg - Redação Bonde
25 mar 2022 às 17:07
- Pixabay
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Uma simples aula em espaço aberto para ensinar o gênero literário crônica para alunos do 7º e 8º ano virou a rotina da professora Cláudia Mendonça Portero e do Colégio Estadual Marechal Castelo Branco, em Primeiro de Maio, de pernas para o ar. O motivo foi a adoção de um livro, entre os mais de 20 selecionados como material de suporte, com textos do escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo, chamado “Sexo na Cabeça”.


O livro, lançado pela Editora Objetiva – braço didático da Companhia das Letras – consta como material de referência no livro fornecido pelo governo aos alunos. O gênero crônica é um estilo em que o autor conta histórias do dia a dia. Entretanto, ressalta Cláudia, apesar do nome do livro, em nenhuma crônica, Luís Fernando Veríssimo narra a conjunção carnal, propriamente dita.

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Cláudia leciona no colégio há dois anos e, para ensinar aos alunos o gênero crônica, juntou onze livros da biblioteca da escola e levou, de casa outros nove. Marcou com os alunos, sob supervisão e aprovação da coordenadoria pedagógica, uma aula ao ar livre, na praça em frente a escola. “Quando chegamos, havia três mulheres, uma com uma criança de colo, e essas mulheres ficaram observando a minha aula e os livros que eu estava trabalhando, também. Voltamos para a sala e a aula deu muito certo, os alunos adoraram sair para estudar”, conta a professora.

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Entretanto, no dia 17 de março, seguinte à aula em espaço aberto, a professora chegou no local de trabalho e foi informada por colegas de trabalho, pela coordenadoria e pela direção de que circulava por um grupo de Whatsapp da cidade ataques à professora. 

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“Eu me deparei com um texto falando sobre minha pessoa, sobre meu trabalho e minha aula, falando inverdades e distorcendo fatos, sobre coisas que não faço em sala de aula, tampouco ensino”, diz Cláudia, indignada. 


Vinda de Cambé há dois anos, ela afirma que não conhece a pessoa que passou a insuflar ataques por meio das redes sociais. “Eu não conheço essas pessoas. Eu as vi na praça, mas não conversei. A proposta [da aula] era somente [estudar] gênero textual e essa pessoa, pelo Whatsapp, disse que estava na praça, viu tudo o que ocorreu e passou a desqualificar minha imagem, a direção e a coordenação escolar, e a atacar minha pessoa”, conta.

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A reportagem não teve acesso às mensagens.



Ainda de acordo com Cláudia, em uma reunião na escola, ela explicou à mulher a metodologia de ensino adotada, informou que eram mais de 20 livros ofertados para que cada um lesse um e, depois, elaborasse uma crônica. Também explicou que a metodologia do estudo direcionado estava dentro dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais, diretrizes elaboradas pelo governo federal para  orientar a educação brasileira) e mostrou que Luís Fernando Veríssimo era um dos autores recomendados pelo livro didático.

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Entretanto, além dos ataques pelo Whatsapp, uma mãe de aluno escreveu um texto na rede social Facebook, atacando a professora. Esta pessoa foi à escola e a direção e a coordenação explicaram o caso para a mãe. Mesmo assim, segundo Cláudia, a mãe desacatou a direção e manteve o texto desabonando a imagem da escola e seus funcionários.


A professora, que não esperava uma reação dessas partindo da comunidade, disse que teve todo o apoio da direção e da coordenadoria pedagógica após os ataques e adiantou que vai tomar as medidas judiciais cabíveis contra as pessoas que a atacam.


Procurada, a Seed (Secretaria Estadual de Educação) disse, por meio de nota, que “o referido livro faz parte da biblioteca escolar e se adequa à idade da turma”. Já a direção da escola não quis se manifestar.


A editora do livro também foi procurada, por e-mail, mas não havia enviado resposta até o rechamento da matéria.

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