De férias da TV, Miguel Falabella recebeu uma ligação de uma amiga, prestes a embarcar numa ponte aérea. Na correria, acatou o pedido da colega, passou numa banca de jornal e comprou a revista que ela pediu. Falabella leu o artigo que a colega escreveu, gostou, mas, ao folhear a publicação, uma coisa chamou sua atenção: a quantidade de matérias sobre ''casamento''. "Eu lia, relia, lia e só tinham coisas como ''o mistério do casamento,'' ''o sucesso do casamento,'' ''melhore seu casamento...'' Na hora pensei: vou fazer uma novela com uma mocinha que sonha com isso", conta Falabella.
A Globo gostou da ideia e escalou Giovanna Antonelli, recém saída da gravidez das gêmeas Antônia e Sofia, de 1 ano, para o papel. Mas como não há nada de novo na temática, Falabella foi além e criou um narrador personagem para "Aquele Beijo", folhetim que estreia hoje, às 19h.
O autor não aparece na trama, mas sua voz, popular desde os tempos de apresentador do "Vídeo Show" (1987 a 2001), narrará os pensamentos de todos do elenco. Questionado se o público pode estranhar o recurso, o novelista dá de ombros. "Se não entenderem, é problema deles", diz. E emenda: "Se existisse estranheza, meu bem, eu estava até hoje na Ilha do Governador. Não adianta, vou morrer inventando..."
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De fato, em 23 anos como autor da Globo, Falabella coleciona algumas invenções históricas. Algumas de sucesso, como os textos da "TV Pirata" (1988) e do "Sai de Baixo" (1996 a 2002) e, claro, fracassos como a novela "Negócio da China" (2008). No caso de "Aquele Beijo", o ''narrador personagem'', vale lembrar, não é uma ideia nova de Falabella. Em 2001, Silvio de Abreu investiu justamente nesse artifício, em "As Filhas da Mãe". Na ocasião, mesmo com um elenco que incluía Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco, o folhetim patinou na audiência. Falabella, porém, diz não ligar para Ibope. A intenção nesse lançamento, segundo ele, é valorizar os romances de sua trama.
Paisagens da Colômbia
Cláudia (Giovanna Antonelli), que é designer, sonha em se casar com o namorado Rubinho (Victor Pecoraro). O rapaz, filho da ricaça Maruschka (Marília Pêra), porém, foge do assunto igreja. Cansada de ser enrolada, ela faz as malas para a Colômbia e chama o rapaz para um ultimato. Ou Rubinho se casa com ela no retorno de sua viagem, ou será o fim. Nessa jornada, Cláudia conhece Vicente (Ricardo Pereira), outro que vive uma fase de decepção amorosa. Na trama, ele perdeu a namorada Lucena (Grazi Massafera) e vai para a Colômbia tentar reconquistá-la. Para produzir essas cenas, a equipe viajou para Cartagena no final do mês de julho. "Eu amei a tequila", diz Grazi Massafera. "Só foi difícil o calor", retruca Giovanna. Coube à diretora Cininha de Paula mesclar cenas em Cartagena, João Pessoa (PB) e ainda passagens por Paris.
Mesmo com os cenários românticos, o folhetim não irá se resumir a isso. Principalmente no que depender de Maruschka, dona da Comprare, uma espécie de Daslu. Marília Pêra, intérprete da dondoca, clareou os cabelos para a personagem. "Ela não tem nada a ver com a dona da Daslu real (Eliana Tranchesi)", diz a atriz. "E ela vai ser dura, mas engraçada." A trama inclui ainda a falsa vidente Iara (Claudia Jimenez), a cabeleireira Ana Girafa (Luis Salém) e Bob (Sandro Christopher), cover de Elvis Presley. Tudo embalado pelo som de Shakira. Se os amores não engatarem, a parte dos risos, ao menos, já está garantida. As informações são do Jornal da Tarde.