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Balé mineiro é atração em Curitiba

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
29 set 2001 às 12:45

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Como acontece todos os anos, o Grupo Corpo está neste sábado em Curitiba para mostrar a beleza de sua arte numa única apresentação, às 21 horas, no Teatro Guaíra. Os mineiros têm uma legião de fãs – fidelíssimos – que não se cansam de aplaudir as novas coreografias que eles trazem anualmente. Desta vez, porém, será diferente: o espetáculo chega com duas montagens já consagradas, "Bach" (1996) e "O Corpo" (2000).
Durante muito tempo a companhia manteve o costume de trazer uma nova coreografia a cada temporada, repetindo na primeira parte aquela que estreara no ano anterior. A postura atual dá mais fôlego aos artistas – os novos trabalhos virão a público a cada dois anos.
Depois de encerrar a temporada nacional em outubro, no Teatro Nacional de Brasília, o grupo patrocinado atualmente pela Petrobras, tem breve pausa em novembro e segue para a Alemanha, em dezembro, onde percorrerá cinco cidades com as mesmas coreografias vistas aqui.
"Bach" é uma das mais felizes criações de Rodrigo Pederneiras. Um trabalho inesquecível, obra-prima que o Grupo Corpo apresenta pela terceira vez em Curitiba. A inspiradíssima música de Marco Antônio Guimarães (do Uakti) sobre a obra de Bach, casa-se magicamente com um espetáculo espantosamente espiritual.
Houve quem visse no balé lances interplanetários, mas é marcante a espiritualidade a partir da própria música. A princípio o tom é escuro, quase opressivo. A postura dos corpos é como se carregasse seculares culpas. Tubos verticais descem do urdimento do teatro, aumentando o clima claustrofóbico.
A luz de Paulo Pederneiras é essencial para a cena, por vezes transformando-se num único fio que atravessa o palco em diagonal, iluminando uma bailarina que está no alto, agarrada a um tubo. A música solene, o palco vazio e a platéia na angustiante expectativa do cansaço da moça, que pode despencar a qualquer momento.
No entanto, esses metais dourados (seriam uma referência aos órgãos, tão marcantes na época de Bach?) que simbolizam concretamente a travessia do terreno para o divino. Tem-se a impressão que ao escalá-los os pobres mortais ganham a luz, livrando-se do tempo das sombras. O dourado que banha o palco, as vestes douradas, a alegria incontida dos bailarinos é como se fosse uma celebração do encontro com a magia de Deus.
"O Corpo", segunda peça da noite, utiliza-se de músicas e quatro poemas de Arnaldo Antunes, criados especialmente para o balé. Dois outros textos foram extraídos dos livros "Psia" e "As Coisas", além de um fragmento de "Alice Através do Espelho", de Lewis Carrol. O autor declama seus poemas que basicamente citam o corpo. A princípio detém-se nos detalhe, e em seguida chega aos verbos.
Convidado pelo grupo, Antunes criou uma grande peça sinfônica para o espetáculo, com pitadas irreverentes: traz referências do rock, baião, funk, techno, marcha, balada, reggae, samba de roda, músicas árabes e indígenas. A cantora Monica Salmaso participa da trilha sonora. "Para mim, o que a experiência teve de desafio, teve também de exercício de liberdade de linguagem", disse o compositor na época.
O ex-titã montou um emaranhado de palavras e sons que serve como uma trama por onde os bailarinos passeiam nas evoluções dos movimentos. As palavras são jogadas em meio às guitarras de Edgard Scandurra, violões de Paulo Tatit e Alê Siqueira, baixo de Tatit, teclados de Zaba Moreau, percussão de Guilherme Kastrup.
Depois do trabalho pronto, Arnaldo Antunes perguntava-se o que aquilo tudo iria "despertar na coreografia, no cenário, na luz. Como os corpos físicos vão receber e devolver os corpos das palavras e sons?" A intensidade da montagem, os cenários de Paulo Pederneiras com iluminação propositalmente vermelha, ampliando a paixão carnal e humana, a arte dos 19 bailarinos em cena responderam com generosidade às indagações do artista.
Grupo Corpo apresenta "Bach" e "O Corpo", somente neste sábado, às 21 horas, no Teatro Guaíra, em Curitiba. Ingressos: R$ 35,00 (preço único). Não serão aceitos cheques.
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