O mercado editorial brasileiro aposta alto na ala jovem. A partir dos 9 anos, os leitores se sentem atraídos por livros de ''verdade'' e descartam o excesso de ilustrações e frufrus que atraem tanto o público infantil. Mas há determinadas características a serem respeitadas: os livros não podem ser muito longos, a linguagem preferencialmente ágil e de fácil identidade com o público.
Esse nicho do mercado atende a um leitor exigente e sagaz, habituado à leitura desde criança. São crias de Monteiro Lobato. Para saciar a fome de leitura dessa faixa etária, é preciso reunir tanto mestres da literatura como ficcionistas da nova geração. O marketing de peso também contribui para o mercado contabilizar os lucros. O fenômeno Harry Potter, da escritora escocesa J.K. Rowling, já chegou ao patamar de 1 milhão de exemplares vendidos no Brasil.
A entrada de grandes editoras no segmento de literatura está generalizada e boa parte delas aposta em selos exclusivos. Além das tradicionais no setor como a Ática, FTD, Saraiva, Moderna e Cia. das Letras, duas majors criaram recentemente seus segmentos: Objetiva Jovem e Rocco Jovens Leitores.
A Objetiva Jovem faz os primeiros lançamentos nesse mês de outubro. ''Uma História de Futebol'', de José Roberto Torero, é uma novela sobre o garoto Zuza, amigo de Dico, apelido do Rei Pelé quando criança. Torero roteirizou um curta-metragem brasileiro com a mesma história, que concorreu ao Oscar de melhor curta-metragem estrangeiro de 2001. O escritor Luis Fernando Veríssimo lança o livro de contos ''O Santinho'', no qual retrata o universo da escola brasileira. No pacote dos próximos lançamentos da Objetiva Jovem constam Carlos Heitor Cony e Eliane Maciel.
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O selo Companhia das Letrinhas, da editora Companhia das Letras, investe em novos autores. ''A Menina Que se Apaixona'' é um dos lançamentos que leva a assinatura da jornalista e dramaturga Marta Góes. A Rocco Jovens Leitores, que saiu do forno também esse mês, coloca nas prateleiras das livrarias Fernando Sabino, autor de ''Os Caçadores de Mentira''.
A entrada de grandes editoras no segmento mostra sinais de que o adolescente brasileiro está se tornando um leitor mais voraz. Mas ainda não há dados numéricos desse aquecimento das letras. Na feira Primavera dos Livros, no mês de setembro, os títulos mais vendidos foram os infanto-juvenis.
Se o mercado aquece, a produção de qualidade não fica atrás. A literatura infanto-juvenil brasileira possui representatividade no exterior. A escritora Ana Maria Machado foi a única representante da América Latina no 28º Congresso do International Board of Young People, realizado no início do mês na Basiléia, Suíça. Ao lado de Jostein Gaarder (autor do best-seller O Mundo de Sofia), e outros laureados internacionalmente, Ana Maria Machado discutiu a qualidade dos livros infanto-juvenis, o que eles podem contribuir para o desenvolvimento pessoa, para a paz mundial e para a compreensão e a tolerância entre todos os povos.