O Festival de Teatro de Curitiba (FTC) não quer encerrar-se no entretenimento. Para a 14ª edição do evento, que começa no dia 17 de março, os organizadores apostaram em parcerias que garantem a realização de cursos não apenas na área de dramaturgia, mas também na formação de mão de obra especializada.
Este ano, parcerias com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que pela primeira vez oferece cursos de extensão durante o evento e com o Sesc da Esquina, que vai promover 16 oficinas duas delas ministradas em conjunto com a Funarte querem garantir a consolidação do festival também como um evento de formação. Esta é a maior edição do FTC já realizada, com 232 espetáculos na grade total do evento.
As oficinas, no entanto, não são algo inédito na grade do festival, a diferença é que este ano a academia também começa a se envolver. Para Victor Aronis, da Calvin Entretenimento (empresa organizadora do FTC) essa será uma oportunidade de unir a prática e a teoria.
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''Quem participar das oficinas pode ver as peças e discutir os temas depois'', exemplifica. Este ano são 220 espetáculos no Fringe e 12 na Mostra Oficial, ou Contemporânea como tem sido chamada nas edições anteriores.
''Ainda não encontramos uma definição exata para a mostra principal. Não é oficial porque as outras peças também o são e chamar de contemporânea também é esquisito porque dá a entender que os outros espetáculos não são contemporâneos'', brinca Aronis.
O público talvez perceba a diferença no preço e nem tanto pela qualidade das peças, já que nos anos anteriores os espetáculos do Fringe acabaram se destacando mais do que a mostra principal e pela característica de quase todas as encenações da mostra principal serem estréias.
Este ano, por exemplo, o polêmico Antunes Filho traz o inédito ''Carmem Miranda'', que vai lembrar os 50 anos da morte da artista. No elenco, Juliana Galdino, Paula Arruda e Emily Sugai.
O diretor paulista Luiz Valcazaras, que trouxe o ótimo ''Anjo Duro'' em 2000, também retorna ao evento com o espetáculo ''Dança Lenta no Local do Crime''. Integram as estréias confirmadas as montagens ''A Última viagem de Borges'', texto de Ignácio de Loyola Brandão dirigido por Sérgio Ferrara, com Luiz Damasceno no elenco e ''Daqui a duzentos anos'', única representante curitibana na mostra principal.
Dirigido por Marcio Abreu, o espetáculo do Ateliê de Criação Teatral (ACT) mostra o resultados dos encontros sobre Tcheckov, ocorridos durante o ano passado. No elenco, Luis Melo, Janja, André Coelho e Carolina Fauquemont.
Mas nem tudo são estréias na mostra principal. ''A Maldição do Vale Negro'',, texto de Caio Fernando Abreu, que morreu em 1996, escrito em parceria com o diretor Luiz Arthur Nunes, que integra a grade estreou no ano passado no eixo Rio-São Paulo, mas se apresenta pela primeira vez em Curitiba.
A Mostra Contemporânea também traz pela primeira vez à cidade, o diretor francês François Tangui, com o espetáculo ''Coda''. A montagem francesa será apresentada no Ópera de Arame para um público limitado de 150 pessoas.
O limite nada tem a ver com as condições do espaço, que já constrangeu platéia, patrocinadores e elenco em apresentações de festivais anteriores, mas sim com a própria característica do espetáculo.
Este ano, aliás, conforme adiantou Victor Aronis para a Folha 2, a abertura do festival não vai acontecer no Ópera. ''O festival não tem uma abertura específica. O evento abre com várias peças em vários locais, o que acontece é que fazemos uma apresentação um dia antes para convidados'', esclarece. O espetáculo que vai dar a largada ao evento ainda não foi confirmado.
Este ano, o FTC será realizado com um orçamento que gira em torno de R$ 1,8 milhão, mesmo valor do ano passado. A diferença é que houve uma redução de 30% do valor recebido da prefeitura.
''A Fundação Cultural de Curitiba, que repassa a verba, também sofreu redução de 30% no orçamento, percentual que nos atingiu'', justifica Aronis. Até o ano passado, a Fundação Cultural era presidida por Cassio Chamecki, um dos fundadores do Festival de Teatro ao lado de Aronis.
O empresário explica que, assim como nos anos anteriores, os curadores do evento não se fixaram apenas em um tema para selecionar os espetáculos que integram o festival. ''Talvez ao final do evento se perceba uma característica, como mais espetáculos de grupo, de pesquisa ou monólogos. Isso ocorre porque o festival acaba funcionando mesmo como uma vitrine do que acontece no teatro no Brasil'', considera Aronis.
Os ingressos para o festival começam a ser vendidos no próximo dia 26, pela internet e em dois postos instalados no Shopping Estação. As entradas para os espetáculos da Mostra Contemporânea vão custar R$ 24,00 e para os espetáculos do Fringe, os preços dos ingressos vão variar de R$ 2,00 a R$ 20,00. O festival também vai apresentar espetáculos com entrada franca.