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No armário, os melhores monstros e idéias

Carlos Eduardo Lourenço Jorge
14 dez 2001 às 09:19

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No início de ‘Monstros S.A’, a partir de hoje em lançamento nacional , o espectador parece estar de volta à ‘Toy Story’. O cenário é um quarto de criança, mas agora o foco são horripilantes seres imaginários escondidos no closet. As criaturas ali não apenas são reais como cumprem duras jornadas de trabalho numa fábrica de sustos, Monstrópolis. Energia motora da indústria: gritos de criancinhas apavoradas com os monstros. O problema é que nos últimos tempos anda faltando ‘combustível’ para manter a fábrica em funcionamento: a garotada já não anda se assustando como antes. Mesmo os campeões de sustos andam em crise. Sully, um imenso, peludo e azul abominável homem da neves, e o genuinamente malvado Randall, um camaleão gigante, andam passando maus momentos, não obtendo aquele toque mais assustador. Para complicar a situação, uma menininha conhecida apenas por Boo resolveu invadir o closet e agora passeia em Monstrópolis. Detalhe: nesse encantado universo paralelo, as criaturas acreditam que o simples toque de uma criança pode ser tóxico e fatal.

É hora de partir para a descontaminação.

‘Monsters, Inc.’ é a mais recente mágica extraída da animação via computador pelos artistas da Pixar, uma afiliada Disney que na ultima década se impôs no mercado com apenas três ótimos filmes, os dois ‘Toy Story’ e ‘Vida de Inseto’. Fábula familiar sólida, dotada de humor irreverente, inegável charme e bons sentimentos na medida conveniente, o filme aposta nas mais fervorosas crenças do imaginário infantil: se brinquedos falam quando não se olha para eles, por que não poderia haver monstros vivos dentro de armários, apenas esperando que as luzes se apaguem para aparecer? (E se não se cobre a cabeça, eles até comeriam as criancinhas.) Essa idéia, de que monstros imaginários de fato existem, poderia ser mesmo assustadora para os baixinhos, mas ‘Monstros S.A.’ neutraliza a possibilidade. Primeiro, transformando as criaturas em trabalhadores braçais comuns; e depois, com a inusitada inversão de mando, crianças apavorando monstros. E o recado final, de que não há que ter medo de nada a não ser do próprio medo, é bem apropriado às novas gerações que terão que enfrentar outros Bin Laden, outros Bush, novos anthrax.

E a exemplo de ‘Harry Potter’, as cópias dubladas de ‘Monstros S.A.’ devem ficar muito aquém da versão original, que oferece um show de vozes a cargos de John Goodman, Billy Cristal, Jennifer Tilly, James Coburn e Steve Buscemi. É torcer para que pelo menos se repita o resultado decente obtido em ‘Shrek’.

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