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Orgulho negro

Rodrigo Juste Duarte
25 mar 2002 às 17:28

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Apesar de suas 13 indicações, "O Senhor dos Anéis" não chegou a ser nenhum bicho-papão na 74ª cerimônia de premiação do Oscar. A super produção baseada na obra de J.R.R. Tolkien arrebatou apenas quatro estatuetas em categorias mais técnicas, como melhor maquiagem, fotografia, efeitos visuais e trilha sonora. O grande aclamado da noite foi "Uma Mente Brilhante", também com quatro prêmios, porém em categorias nobres: melhor atriz coadjuvante (Jennifer Connelly), roteiro adaptado, diretor (Ron Howard) e melhor filme do ano.

Quem acompanha o Oscar há tempos já imaginava que seria assim. Um filme como "O Senhor dos Anéis" dificilmente conquistaria o Oscar de melhor filme ou diretor. A Academia tem preferência por trabalhos mais cerebrais e dramáticos. Foi o que aconteceu com "Uma Mente Brilhante", previamente cogitado com favorito. No geral, a noite não foi de grandes surpresas. Os prêmios mais espantosos foram para melhor filme estrangeiro e melhor atriz. O bósnio "Terra de Ninguém" desbancou o favorito "O Fabuloso Destino de Amélie Poulin", da França. Já no prêmio de melhor atriz, nem mesmo a vencedora Halle Berry acreditava que havia sido a vitoriosa.

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Não há como colocar em palavras a expressão de espanto da bela negra ao ser anunciada. Ela custou a subir ao palco, mas quando subiu, quase não saiu mais. Aos prantos, fez um longo pronunciamento agradecendo as pessoas que a ajudaram e também citando as atrizes negras que já foram indicadas ao Oscar. Apesar de exagerado, foi com toda certeza um dos momentos mais emocionantes da história do Oscar.

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Minutos depois, Denzel Washington foi contemplado com o prêmio de melhor ator. "Dois negros em uma noite... Deus é bom, agradeço do fundo do meu coração", comentou Washington assim que se subiu ao palco. De fato, os negros foram grandes destaques na noite. Além de Washington e Berry terem suas atuações reconhecidas, o ator veterano Sidney Poitier recebeu um Oscar honorário, como primeiro negro a ser indicado ao prêmio - por "Uma Voz Nas Sombras", em 1964. Isso sem falar de Whoopi Goldberg, que novamente apresentou a cerimônia.

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Com duas estatuetas cada ficaram "Moulin Rouge", por melhor figurino e direção de arte, e "Falcão Negro em Perigo", por melhor montagem e edição de som. Todos os demais ganhadores ficaram com apenas um troféu, evidenciando uma celebração equilibrada e sem muitos favoritismos. A novíssima e curiosa categoria de filme de animação foi vencida por "Shrek". Uma grande sacada da produção foi ter preparado cenas dos personagens animados sentados nas poltronas do teatro ao lado de pessoas em carne e osso.


Alguns momentos da festa chamaram até mais atenção do que as premiações. O mais espantoso de todos foi a presença de Woody Allen na festa. O excêntrico diretor sempre boicotou o Oscar e jamais compareceu à cerimônia, mesmo tendo sido indicado (e ganhado) inúmeras vezes. A Academia havia preparado um clipe sobre filmes rodados na cidade de Nova Iorque, abalada por ataques terroristas há seis meses. Ninguém melhor para apresentá-lo do que Allen, que declara seu amor à cidade em quase todos seus filmes. Foi a seqüência mais irônica da noite.

Neste ano, o Brasil não conseguiu concorrer a nenhuma categoria. O filme "Abril Despedaçado", de Walter Salles Jr. se esforçou mas não conseguir a indicação para melhor filme estrangeiro. A última ocasião em que um filme nacional concorreu foi em 1999 por "Central do Brasil", que também recebeu indicação de melhor atriz para Fernanda Montenegro. Em 2000, o Brasil passou em branco no Oscar, mas em 2001 "Uma História de Futebol" concorreu a melhor curta metragem. Neste ano, o máximo de participação brasileira na festa foi a presença do bailarino Wellington Lima no Cirque de Soleil, grupo que fez uma apresentação excepcional de dança e malabarismo em um espetáculo que homenageou os efeitos especiais mais conhecidos da história do cinema.


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