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Territorialidade

Professores guaranis participam de curso inovador

Ministério da Educação
05 abr 2007 às 14:46

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Iniciar a formação no Rio Grande do Sul, terminá-la no Rio de Janeiro e receber o certificado em Santa Catarina. O que parece sonho já é realidade para 75 professores guaranis-embiás de cinco estados das regiões Sul e Sudeste. Eles participam da licenciatura intercultural guarani criada pelo Ministério da Educação.

O curso neste formato, inédito no País, está centrado na territorialidade, que significa respeito à mobilidade entre as áreas nas quais os guaranis habitam no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Esse respeito representa o reconhecimento do Estado brasileiro ao modo de vida indígena.

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Para a maioria dos povos indígenas, não há sentido na divisão geográfica entre regiões, estados e municípios, conforme determina a Constituição. No caso dos guaranis, seu território é a área onde vivem os parentes, o que lhes permite mudar os filhos de escola, trabalhar e comercializar produtos no local onde se encontram.

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Para criar o curso de magistério intercultural, que forma professores indígenas para lecionar da primeira à quarta série do ensino fundamental, o MEC e seus parceiros firmaram, em 2004, o Protocolo Guarani, que possibilita, a um professor, por exemplo, iniciar o curso em Santa Catarina e concluí-lo no Espírito Santo.

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Essa mobilidade de estudo e de trabalho do professor é assegurada pelas secretarias estaduais de educação dos cinco estados que integram o protocolo.


Currículo
O currículo do curso também atende características dos guaranis - estudo, pesquisa e produção em todas as áreas do conhecimento, de forma concomitante. Quando abordam a geografia, por exemplo, os professores pesquisam os territórios por onde o povo passou e as áreas que ocupa hoje, desenham mapas das aldeias e produzem livros para ensinar os alunos. O currículo compreende etno-história, etnogeografia, língua guarani, ciências indígenas, bilingüismo e legislação das escolas indígenas. Paralelamente a cada disciplina, os cursistas desenvolvem pesquisas específicas em áreas de interesse pessoal, tais como artesanato, plantas medicinais e saberes dos velhos.

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Com duração de cinco anos, o curso tem duas etapas presenciais por ano, sempre em um estado diferente, com a presença dos 75 professores. Tem ainda etapas descentralizadas em cada estado, com os cursistas locais, e estudos e pesquisas nas aldeias, com orientação de tutores. Os professores continuam a dar aulas normalmente enquanto participam do curso.


O certificado de conclusão será emitido por uma escola normal de ensino médio, sob a coordenação do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina. Parte dos cursistas receberá certificado de professor bilíngüe guarani-português e outra parte apenas de magistério de nível médio.

O povo guarani está presente também na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2003 indicam que a população guarani no Brasil é de seis mil habitantes. A língua é o guarani, da família tupi-guarani.


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