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Um olhar “devies”

Murilo Gatti
01 out 2001 às 10:37

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A mostra é uma das mais importantes das artes plásticas brasileira. Fernanda Magalhães é uma das 27 artistas que participam da exposição itinerante, com início no dia 26 de outubro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e que depois viaja para outras capitais brasileiras. O trabalho selecionado é a instalação “devies”, que reune fotos tiradas por Álvaro Diaz da artista nua e com roupa, uma lista de discussão, depoimentos de mulheres gordas e uma crítica de Daniela Bousso. A obra enfoca o tema da obesidade feminina.

Para entender melhor o surgimento de "devies" é preciso voltar no tempo. A idéia do projeto surgiu de um texto que Daniela Bousso escreveu para um trabalho do fotógrafo Álvaro Diaz, em uma exposição do Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000. Anos antes, em 1993, a artista plástica Fernanda começou a estudar e trabalhar com o universo da mulher gorda na história da fotografia.

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Ela estava morando no Rio de Janeiro, cidade que valoriza ao extremo as questões do corpo. Na época, Fernanda realizou dois trabalhos fotográficos: “Auto Retrato” e “Auto Retrato, Nus no Rio de Janeiro”. No ano seguinte, já em Londrina, realizou a série “Auto Retrato, Nus em PXB”. Estes trabalhos permitiram à artista expor-se e discutir a questão da obesidade com o mundo.

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Após conhecer o trabalho de Fernanda, o fotógrafo catarinense Álvaro Diaz convidou-a para a realização de um ensaio fotográfico. O resultado foi a exposição no Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2000, que recebeu a crítica de Daniela Bousso.

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“Tudo é artifício nestas fotos: a construção do fundo, os tecidos baratos que compõem a roupa da modelo, a própria modelo que por si só já nos transporta a uma dimensão em que o ridículo e o piegas parecem ser protagonistas. Pelas vias do humor cáustico, pela captação das deformações da vida com suas aberrações e excessos, Diaz nos coloca diante de um espelho múltiplo, um quase filme-espelho, que reflete uma visão nua e crua desse viés da vida”, diz o texto de Daniela.


A artista fotografada rebate a crítica. “A curadora, que é o tipo da pessoa que tem problemas com o corpo e se sente culpada, identificou-se com o projeto”, alfineta Fernanda. A sequência das cinco fotos de Fernanda, tiradas por Diaz, que fazem parte da instalação "devies", trazem no primeiro retrato a modelo nua e séria. Na continuação, três fotos com roupas. A última fotografia traz Fernanda nua e sorrindo. “A foto séria e a sorrindo representam as mulheres que estão descontes ou contentes com o próprio corpo”, explica Fernanda.

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A lista de discussão, que também faz parte da instalação, é composta por 12 páginas de um debate sobre a questão da obesidade, realizado por dez dias na internet. O trabalho também disponibiliza aos visitantes fones de ouvido, através dos quais o público pode ouvir depoimentos que também discutem a questão.


“As fotos do Álvaro Diaz e a crítica de Daniela Bousso são a ressonância do meu trabalho. Os depoimentos e a lista de discussão são o acréscimo da obra”, conta Fernanda, que teve seu trabalho selecionado pelos curadores Paulo Reis (PR), Ricardo Basbaum (RJ) e Ricardo Resende (SP), além do diretor do MAM/SP, Ivo Mesquita.


Segundo Paulo Reis, esta edição do Panorama da Arte Brasileira procurou perceber outras poéticas visuais que não têm ainda uma visibilidade nacional. "Quisemos valorizar a produção artística que está fora do sistema tradicional das galerias e museus”, explica o curador.

A artista londrinense diz que o nome da exposição vem da “idéia de um olhar periférico, um olhar na diagonal, de esgueio, meio fora, de viés”. Para ela, participar da exposição itinerante é uma honra e uma grande oportunidade de dar continuidade a discussão sobre as mulheres gordas.


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