Leitores ávidos pela obra de Paulo Leminski mal acabaram de degustar a biografia do poeta (O Homem que Sabia Latim, Reccord, 2001) e já podem desfrutar outro lançamento: Winterverno (Iluminuras, 2001), em parceria com o arquiteto curitibano João Virmond Suplicy Neto. O livro foi editado pela Fundação Cultural de Curitiba, em 1994, com a tímida distribuição de mil exemplares. Agora ganha nova versão, que acaba de sair do forno, com novos textos de abertura, capa preta (a primeira era branquinha) e versão bilingue.
Os textos e desenhos do livro foram produzidos nos últimos anos de vida do poeta da cruz do Pilarzinho, no final da década de 80. São hai kais e poemas não necessariamente relacionados, mas ilustrados pelos desenhos de Suplicy. "Lançávamos um desafio", lembra o arquiteto. "Ele escrevia depois do desenho pronto ou às vezes chegava com um poema e propunha que eu desenhasse", conta.
O resultado é uma produção gráfica bastante interessante, fiel aos momentos de composição. A sensação é de que se está lendo, como voyers literários, os próprios guardanapos de papel rabiscados pelos autores. A nova edição mantém essa diagramação e traz ainda os poemas traduzidos para o inglês pelo americano Cristopher Daniels.
Daniels conheceu a obra de Leminski navegando pela Internet. Comentou com o também escritor Rodrigo Garcia Lopes, que fez a ponte com Suplicy. Não demorou para que a idéia de trabalhar juntos se consolidasse. "Já passou da hora dos poemas de Leminski ganharem projeção em outros idiomas", acredita Suplicy. O arquiteto avalia essa segunda edição do livro como imprescindível para o conjunto de obras de Leminski publicadas. "A primeira foi uma promoção da Fundação Cultural, que não é uma editora", salienta.
A produção da rara primeira edição de Winterverno aconteceu em meio ao acaso dos encontros entre Suplicy, Leminski e Josely Viana Batista, que cuidou de reunir os escritos e ilustrações. No texto de abertura da primeira versão do livro, ela conta: "Vieram versos, vieram desenhos e veio o inverno. Um dia, já com um feixe desses instantâneos na mão, mostrei a eles o fruto do furto. Paulo se animou e, de conluio com o João, resolveu desfazer esse efeito do deus Acaso. No mesmo Café Poesia, noite já fria, enevoada, fez-se o título, óbvio port-manteau de 'winter' e 'inverno', que se irradiava em leque de iridescências semânticas posto a nu num papel pardo".
E foi no Café Poesia, espaço boêmio de uma Curitiba já distante, que os primeiros rabiscos (e riscos) do livro se traçaram, como conta Josely no mesmo texto. "Num papel abandonado sobre o balcão do Café Poesia, no centro da cidade, João rabiscou o pequeno leque, escrevendo no alto: 'ó liberdade'. E Paulo, no alto, arrematou: 'vento/onde/tudo/cabe'". Desse risco, surgiram outros, inquietantes ("meu/desejo/quanto mais olho/menos vejo"), de referências ("antes que a tarde amanheça/ e a noite vire dia/põe poesia no café/ e café na poesia") e de arremates ("sabe da última? a chuva lavou minha culpa"), mas sempre intrigantes.
A obra vale enquanto conjunto. Mas não espere das ilustrações de Suplicy, desenhos de efeito. São riscos ao acaso, apenas traços, que colocado lado a lado aos manuscritos de Leminski ganham força e significado. O lançamento de Winterverno, pela editora Iluminuras, está previsto para outubro, em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, em data ainda a ser confirmada.
Os textos e desenhos do livro foram produzidos nos últimos anos de vida do poeta da cruz do Pilarzinho, no final da década de 80. São hai kais e poemas não necessariamente relacionados, mas ilustrados pelos desenhos de Suplicy. "Lançávamos um desafio", lembra o arquiteto. "Ele escrevia depois do desenho pronto ou às vezes chegava com um poema e propunha que eu desenhasse", conta.
O resultado é uma produção gráfica bastante interessante, fiel aos momentos de composição. A sensação é de que se está lendo, como voyers literários, os próprios guardanapos de papel rabiscados pelos autores. A nova edição mantém essa diagramação e traz ainda os poemas traduzidos para o inglês pelo americano Cristopher Daniels.
Daniels conheceu a obra de Leminski navegando pela Internet. Comentou com o também escritor Rodrigo Garcia Lopes, que fez a ponte com Suplicy. Não demorou para que a idéia de trabalhar juntos se consolidasse. "Já passou da hora dos poemas de Leminski ganharem projeção em outros idiomas", acredita Suplicy. O arquiteto avalia essa segunda edição do livro como imprescindível para o conjunto de obras de Leminski publicadas. "A primeira foi uma promoção da Fundação Cultural, que não é uma editora", salienta.
A produção da rara primeira edição de Winterverno aconteceu em meio ao acaso dos encontros entre Suplicy, Leminski e Josely Viana Batista, que cuidou de reunir os escritos e ilustrações. No texto de abertura da primeira versão do livro, ela conta: "Vieram versos, vieram desenhos e veio o inverno. Um dia, já com um feixe desses instantâneos na mão, mostrei a eles o fruto do furto. Paulo se animou e, de conluio com o João, resolveu desfazer esse efeito do deus Acaso. No mesmo Café Poesia, noite já fria, enevoada, fez-se o título, óbvio port-manteau de 'winter' e 'inverno', que se irradiava em leque de iridescências semânticas posto a nu num papel pardo".
E foi no Café Poesia, espaço boêmio de uma Curitiba já distante, que os primeiros rabiscos (e riscos) do livro se traçaram, como conta Josely no mesmo texto. "Num papel abandonado sobre o balcão do Café Poesia, no centro da cidade, João rabiscou o pequeno leque, escrevendo no alto: 'ó liberdade'. E Paulo, no alto, arrematou: 'vento/onde/tudo/cabe'". Desse risco, surgiram outros, inquietantes ("meu/desejo/quanto mais olho/menos vejo"), de referências ("antes que a tarde amanheça/ e a noite vire dia/põe poesia no café/ e café na poesia") e de arremates ("sabe da última? a chuva lavou minha culpa"), mas sempre intrigantes.
A obra vale enquanto conjunto. Mas não espere das ilustrações de Suplicy, desenhos de efeito. São riscos ao acaso, apenas traços, que colocado lado a lado aos manuscritos de Leminski ganham força e significado. O lançamento de Winterverno, pela editora Iluminuras, está previsto para outubro, em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, em data ainda a ser confirmada.