A seleção brasileira atual é mais coletiva e menos dependente de Neymar. Os números do técnico Tite mostram, mesmo com poucos jogos, que o atacante do Barcelona não é mais o único responsável por carregar o time. Melhor do que isso, neste recente período o camisa 10 manteve a sua característica de artilheiro e incrementou o repertório com assistências, como mostrou em campo na última quinta-feira, em Natal, na goleada por 5 a 0 sobre a Bolívia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, que será na Rússia.
Nos três jogos com Tite no comando, a seleção marcou 10 gols, apenas um a menos do que os 11 feitos nas seis rodadas anteriores das Eliminatórias, quando o treinador era Dunga. A construção destes últimos gols chama a atenção pela distribuição da artilharia entre diferentes jogadores do elenco. Os goleadores com Tite são Gabriel Jesus e Neymar, com três cada um. O zagueiro Miranda, o lateral-esquerdo Filipe Luís, o meia Philippe Coutinho e o atacante Roberto Firmino também marcaram.
Tite afirmou que não pretende fazer a equipe jogar somente em função de Neymar. "É desumano colocar sobre o Neymar toda a responsabilidade. A equipe tem de ser forte sem o Neymar e, quando ele estiver, precisa ajudar a fortalecer a equipe", explicou, após a partida contra os bolivianos.
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A artilharia variada contrapõe, por exemplo, o período de maior sucesso da era Dunga. O aproveitamento de 75% dos pontos em amistosos na segunda passagem dele pela seleção, entre agosto de 2014 e junho de 2016, foi construído com grande dependência de Neymar. Em 2014 e em 2015, dos 24 gols da seleção brasileira nestes compromissos não oficiais, 11 foram do atacante do Barcelona.
O espírito mais coletivo da seleção tem sido elogiado pelos jogadores. "O pessoal do ataque estava solto, criando chances, com muita criatividade, e o pessoal lá atrás bem atento para marcar o contra-ataque deles. Foi um grande jogo e temos que continuar nessa trajetória", afirmou Filipe Luís, referindo-se ao jogo contra a Bolívia. Ele marcou o terceiro gol ao receber passe de Neymar. "A gente construiu um jogo coletivo, deixou tudo mais fácil. Estamos com padrão do início ao fim, buscando o gol", disse o meia Renato Augusto.
O curioso dessa maior distribuição de gols é que o próprio Neymar acabou beneficiado. Os três gols dele nas Eliminatórias foram marcados depois da chegada de Tite. O desafio para o treinador contra a Venezuela será montar o time sem o atacante pela primeira vez desde que assumiu. Neymar terá de cumprir suspensão e não joga nesta terça-feira, em Mérida.
A tendência é Willian ser escolhido como substituto. A alteração é a mesma utilizada por Tite no segundo tempo contra a Bolívia, na Arena das Dunas.
RESGATE - Os jogadores da seleção disseram sentir ter recuperado a credibilidade da equipe após os fiascos recentes, como a eliminação na primeira fase da Copa América Centenário. "Estamos felizes por recuperar esse crédito com a torcida. Vamos fazer as pessoas voltarem a se acostumar com a seleção brasileira", assegurou o lateral-direito Daniel Alves.