Correndo o risco de perder o mando de 30 partidas, além de arcar com uma multa que pode ultrapassar R$ 600 mil, o Coritiba mobilizou advogados torcedores, sob a liderança do jurista René Dotti, para ajudar a organizar a defesa no julgamento marcado para a próxima terça, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro. "A técnica já está desenhada, mas essa mobilização terá também um peso moral", disse o coordenador do departamento jurídico do clube, Gustavo Nadalin. A defesa no tribunal será feita pelo advogado José Mauro Couto Filho.
"É bom que a sociedade veja que o Coritiba não é vilão, mas vítima, que tem pessoas de boa reputação a seu lado, não é um criminoso sentenciado", destacou Nadalin. O clube foi denunciado três vezes no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (deixar de tomar medidas capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto), em razão da invasão de campo, tumulto e arremesso de objetos.
A pena máxima para cada denúncia é perda de dez mandos e multa de até R$ 200 mil. No último domingo, torcedores invadiram o campo, após o empate com o Fluminense e o rebaixamento para a Série B, protagonizando cenas de barbárie. Pelo 18 pessoas ficaram feridas.
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O clube também foi denunciado no artigo 211 (deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização), com multa de até R$ 10 mil e interdição até que os problemas sejam solucionados. A denúncia cita ainda o artigo 233 (deixar de cumprir obrigação legal por fato ligado ao desporto), com as mesmas penas do anterior.
Nadalin disse que o que está acontecendo com o Coritiba é algo "inédito". Segundo ele, no estádio do Canindé, em São Paulo, houve invasão do vestiário com uma pessoa apontando arma para técnico e jogadores. Denunciado, o clube poderia perder dez mandos, mas ficou resumido a três.
Na Fonte Nova, em Salvador, em 2007, a falta de infraestrutura provocou mortes. O Bahia também perdeu três mandos. "No Couto Pereira, está tudo em ordem perante todas as autoridades públicas, o que aconteceu foi um ato atípico, como uma catástrofe climática", comparou.