Ex-presidente da Conmebol e ex-vice-presidente da Fifa, Juan Ángel Napout pediu que a Justiça norte-americana conceda algumas regalias, alegando que, mesmo em prisão domiciliar, corre o risco de ver sua saúde mental afetada.
Napout foi preso em dezembro de 2015, em um hotel de luxo de Zurique. Ele é acusado de corrupção e de pedir propinas para empresas em diversos contratos envolvendo o futebol sul-americano. Enquanto esteve no comando da Conmebol, chegou até mesmo a mudar as reuniões da entidade para o Rio de Janeiro para permitir que o brasileiro Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, pudesse participar. Del Nero também foi indiciado nos Estados Unidos e, se sair do Brasil, pode ser preso e extraditado.
Mesmo depois da primeira onda de prisões de dirigente da Fifa em maio, Napout continuou viajando para a Suíça, na condição de vice-presidente da entidade máxima do futebol. Mas acabou sendo detido.
Leia mais:
Com quase 80% de chance de título, Botafogo pode ser campeão nesta quarta
Londrina EC promete ter até 15 reforços para disputar o Campeonato Paranaense
Dez são presos por emboscada a cruzeirenses; presidente da Mancha continua foragido
Por que Palmeiras está atrás na disputa pelo título? Abel explica em livro
Depois de extraditado aos Estados Unidos, pagou US$ 20 milhões para poder acompanhar o processo em prisão domiciliar. Com um apartamento de luxo de frente ao mar, em Miami, ele passou a um regime de prisão domiciliar. Napout carrega uma tornozeleira e seu apartamento conta com câmeras nas portas. No ano passado, mudou sua família inteira para o mesmo condomínio e praticamente ocupa um andar do prédio de luxo.
Ainda em 2016, ele passou a ser autorizado a percorrer o condomínio onde vive e o monitoramento eletrônico foi substituído por uma obrigação de estar em casa entre 17h e 7h da manhã. Para garantir que ele esteja em seu apartamento, a Justiça realiza ligações pela noite, com um mecanismo de reconhecimento de voz.
Mas o paraguaio solicitou que isso seja abolido, alegando que as ligações pela noite são "ameaças desnecessárias a sua saúde mental". "Essas ligações no meio da noite e no começo da manhã tem severamente impactado a habilidade de Napout de dormir e, portanto, de se concentrar durante o dia", escreveu sua defesa.
O ex-dirigente também pediu mais flexibilidade nos horários para que possa ver familiares que vivem no mesmo condomínio. Seus advogados se queixaram de que os horários impostos de prisão domiciliar o impediam de jantar com sua mãe, que vive dois andares acima de seu apartamento. "Apenas estou pedindo uma expansão do tempo para que ele possa ir a outros lugares na mesma área, incluindo o apartamento de sua mãe", disse o advogado.
Na semana passada, uma juíza federal dos Estados Unidos, Pamela Chen, rejeitou o pedido, alertando que as autoridades já tinham "acomodado" diversos pedidos do paraguaio. Para ele, Napout se queixava de "problemas de primeiro mundo".
Em uma audiência no dia 5 de janeiro, Chen ainda criticou o advogado do cartola, John Pappalardo, ao fazer tal pedido: "Você não está ajudando ao seu caso". "Sou sensível a preocupações de saúde", disse a juíza. "Mas sou menos sensível ao fato de que ele quer um certo arranjo familiar ou que ele quer jantar com sua família em um determinado horário", respondeu. "Ele já tem mais liberdade que muita gente, francamente, gostaria de ter", completou a juíza, rejeitando o pedido.