O volante londrinense Fernandinho, convocado por Luís Felipe Scolari para a defender a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, passará esta semana em Londrina com seus familiares antes de se apresentar ao grupo na Granja Comary, em Teresópolis (região serrana do Rio de Janeiro), na próxima segunda-feira (26), para dar início a preparação para o Mundial.
O jogador de 29 anos comentou a pressão que os selecionáveis brasileiros enfrentarão no Mundial dentro de casa. "Em qualquer lugar do mundo o Brasil sofrerá uma pressão. Atuando em casa e por conta da derrota de 1950 essa pressão será muito maior. Porém, acredito que todo o grupo está preparado para encarar qualquer adversidade. Ter o Felipão como treinador neste momento é extremamente válido pela sua experiência e capacidade de lidar com os problemas".
No ano passado, a Copa das Confederações foi marcada pela mobilização popular nas ruas com diversos protestos contra o Mundial no país. Questionado sobre o fato, Fernandinho defendeu que é válido a população ir às ruas em busca de melhorias, mas não concorda com o vandalismo.
"Posso citar Londrina, uma cidade que não receberá nenhuma partida da Copa e nenhuma seleção durante a disputa do Mundial. Desde quando era garoto na cidade a população sofre com a falta de segurança, com saúde e com infraestrutura. O Brasil sempre teve inúmeros problemas, mas muitos querem colocar a culpa na Copa do Mundo e não é assim. Sou a favor dos protestos para melhorar o país sim, desde que sejam protestos pacíficos. O problemas é que alguns baderneiros utilizam esses protestos para vandalizar a cidade e isso não concordo".
Fernandinho deu seus primeiros chutes no PSTC, em Londrina, em seguida, se transferiu para o Atlético Paranaense, onde ganhou destaque por sua versatilidade. Em 2005 foi contrato pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, clube que defendeu por oito anos. No ano passado, foi negociado com o Manchester City, da Inglaterra. Há nove anos longe do Brasil, o jogador avaliou que o país não passa por um bom momento e destacou que um dos motivos é a precocidade da profissionalização dos jogadores.
"A qualidade do futebol brasileiro está muito baixa. Você não consegue permanecer na frente da televisão os 90 minutos de partida e, quando acompanha todo o jogo, não fica satisfeito. Há inúmeros problemas na administração do futebol e acredito que um dos eles é a profissionalização de garotos de 16, 17 anos que recebem excelentes salários e ganham poder dentro do clube. Isso está atrapalhando demais o Brasil a se igualar aos demais centros do futebol. Na minha visão, o ideal seria o jogador começar a atuar profissionalmente nas equipes com 20 anos".
"Outro ponto interessante é que no Brasil aprendemos pouco sobre as questões táticas. Quando me transferi para a Europa, aprendi demais e meu futebol evoluiu 100% com a obediência tática. Além disso, tenho certeza que minha ida para a Inglaterra foi fundamental para eu estar na seleção já que a Ucrânia, apesar de disputar sempre a Liga dos Campeões, ainda não está no patamar dos demais países da Europa", concluiu.
LONDRINA ESPORTE CLUBE – Durante a entrevista, Fernandinho afirmou que pretende um dia vestir a camisa do Londrina Esporte Clube. "Mesmo longe acompanho o Londrina e o título Estadual foi importante para recolocar o clube no cenário nacional. Como sou da cidade, já passou pela minha cabeça encerrar minha carreira no Londrina sim. Mas ainda quero conquistar meus sonhos na Europa", finalizou.
SELEÇÃO – O volante atuou seis vezes com a camisa canarinho e sua primeira convocação ocorreu em 2011 com Mano Menezes. Com Felipão, o jogador foi convocado somente uma vez no amistoso contra a África do Sul, em março deste ano, e balançou as redes aos 33 minutos do segundo tempo com um belo chute de fora da área. No elenco verde a amarelo, Fernandinho terá como concorrentes os volantes Luiz Gustavo (Wolfsburg-ALE), Paulinho (Tottenham-ING), Ramires (Chelsea-ING), e Hernanes (Inter de Milão-ITA).
O Brasil está no Grupo A da Copa e vai estrear no dia 12 de junho, contra a Croácia, na Arena Corinthians, em São Paulo.