O presidente do Catanduvense, clube que participa da terceira divisão do Campeonato Paulista, Reginaldo Borges, foi procurado pelo menos duas vezes por emissários da máfia das apostas, com ofertas para que o time perdesse partidas em troca de dinheiro. Numa delas, chegou a receber uma mensagem em seu telefone celular propondo pagar R$ 50 mil por uma derrota para o Comercial de Ribeirão Preto.
A proposta chegou por meio do WhatsApp, aplicativo de telefones celulares para troca de mensagens, contou Borges ao estadao.com. A pessoa deixou recado dizendo ter uma proposta naquele valor e que era para ele retornar se tivesse interesse. Ao ligar de volta, o dirigente ouviu a proposta.
"Uma pessoa descobriu meu telefone, falou o nome, disse que era empresário e perguntou a situação do clube", narrou. "Eu disse que era de muita dificuldade e que estava à procura de um empresário para fazer a gestão do clube. Aí, ele fez a proposta. Respondi que esse tipo de coisa eu não fazia."
Leia mais:
Com quase 80% de chance de título, Botafogo pode ser campeão nesta quarta
Londrina EC promete ter até 15 reforços para disputar o Campeonato Paranaense
Dez são presos por emboscada a cruzeirenses; presidente da Mancha continua foragido
Por que Palmeiras está atrás na disputa pelo título? Abel explica em livro
No recado inicial, Reginaldo Borges foi tratado por seu apelido (Alemão) pelo emissário. O assédio ocorreu em 5 de fevereiro e no dia seguinte o Cavanduvense jogou com o Comercial. Pela proposta, o time de Catanduva teria de perder por quatro ou mais gols de diferença. A partida terminou 2 a 2.
Borges lembrou um outro assédio, ocorrido no ano passado. Este foi feito pessoalmente, por ocasião de um jogo do Catanduvense com o Rio Preto (1 a 1). A abordagem foi bem semelhante à da investida mais recente: "Falei que o clube estava passando por dificuldade e ele (o representante da máfia das apostas) falou: tenho uma proposta para te fazer. Pensei que era proposta decente, mas ele disse: tem um dinheiro para (seu time) perder o jogo. Fiquei sem reação."
O dirigente relata que sentiu as pernas tremerem, tamanha a surpresa. "Devia ter dado um murro na cara dele, mas não consegui. Disse que não fazia isso, mas ele ficou insistindo."
O esquema de manipulação de resultados no futebol paulista está sendo investigado desde outubro por meio de inquérito existente no Juizado Especial do Torcedor. A suspeita de tentativa de aliciamento em várias partidas levou à ação, que corre em sigilo de Justiça por determinação do juiz Ulisses Pascolatti Júnior.
São investigadas partidas envolvendo Catanduvense, São José, América e Rio Preto, entre outros clubes. E na última quarta-feira o promotor do Ministério Público de São Paulo, José Reinaldo Carneiro, pediu à polícia civil que investigue a tentativa de aliciamento na partida entre Barueri e Rio Preto, realizada em 11 de fevereiro. Dois jogadores do clube da Grande São Paulo disseram que dirigentes receberam proposta para que o time perdesse por 4 a 0. Foi esse o resultado da partida, válida pelo quarta divisão estadual.