Lenny tenta esquecer aquele 3 de junho de 2009. O Palmeiras já havia treinado pela manhã e realizava o segundo trabalho à tarde. Em um lance corriqueiro, machucou-se. O diagnóstico foi assustador: fratura no quinto metatarso do pé direito. Justamente no momento em que vinha bem, conquistando espaço no time após um 2008 sem gols e de muitas críticas.
Cirurgia, muito repouso e sessões de fisioterapia depois, ele retornou aos treinos físicos no fim do mês passado. Há poucos dias, voltou a trabalhar com os companheiros e, até a última sexta-feira, acredita que estará pronto para treinar forte.
Ainda sem conhecer profundamente Muricy Ramalho, não teme a concorrência no ataque de Vagner Love, Obina, Robert, Daniel Lovinho e outros nomes. Em menos de um mês já acha que estará pronto para atuar. "Meu principal objetivo é ser campeão brasileiro, de preferência como titular".
Estado - Após tanto tempo parado, qual tem sido seu trabalho agora?
Lenny - Eu tenho feito um aquecimento com o grupo e um treino separado, com bola. Na quarta-feira, fiz um trabalho em campo reduzido com o restante do elenco.
E a dor? Ainda incomoda? Tem hora em que você se esquece da lesão e bate forte na bola ou isso ainda é inviável?
Se pensar muito, eu protejo o pé. Tenho de tentar esquecer. Ainda tem um ou outro movimento em que dou aquela travada. Mas eu brinco de bobinho com o pessoal e dou carrinho mesmo. Aqui é faca nos dentes e vamos embora. Mas, na hora de chutar, estou batendo de chapa, nada de chutão.
E como foi esse seu tempo parado? Só ficou em casa ou foi ao Palestra Itália?
Foram três meses horríveis. Dois meses só de muleta. Aí depois tirava uma muleta, a outra, a bota... Fui em alguns jogos, sim, mas era preciso muita paciência. Ficava o tempo todo em casa e conhecia a programação inteira da tevê.
Quando você vinha à Academia de Futebol ficava com vontade de se juntar aos demais companheiros nos treinamentos?
Eu ficava só na sala de fisioterapia e de musculação, nem ia ao campo pra ver. Era pior, dava vontade de entrar e jogar.
Você se machucou justamente no momento em que vinha bem. Foi pior nessa situação?
Eu pensei: ‘tinha de ser justo agora?’ Depois, chegou o Muricy como treinador, ele colocou o Diego Souza na frente, num momento em que quase não tinha atacante. E eu machucado, só olhando...
Mas, agora, o time está cheio de atacantes...
Tenho de pensar em algo bom. Quando voltar o time pode estar na frente, e eu posso fazer o gol do título.
Mas não dá pra negar que você vai ter dificuldades para entrar. Tem o Obina, o Vagner Love, o Robert...
Realmente, em time que está ganhando é difícil de mexer. Mas o Muricy está dando chance pra todos, vou ter de me esforçar nos treinos para mostrar que tenho condições. Vou fazer de tudo para jogar, treinar com vontade e afinco. É o jogador que faz sua oportunidade.
Você acha que tem condição de ser titular?
É complicado. Dá para dividir todos os atacantes daqui em três times grandes. Mas tenho uma característica diferente dos outros, sou mais leve, de corrida.
Depois da contratação de tantos atacantes, você chegou a pensar em sair do clube?
Se naquela fase do ano passado eu não saí [estava em má fase e não marcou nenhum gol em 2008, sob críticas da torcida], não vai ser agora. Não passa pela minha cabeça deixar o Palmeiras. Já tive uma chance no começo do ano e a agarrei. Vou agarrá-la de novo.
E o Muricy? Você conversa com ele?
Antes eu mal encontrava ele, mas, agora, sempre estou no campo junto e ele sempre me pergunta se estou melhor. Isso é bom.
E a torcida?
Ah, sempre tem torcedor perguntando quando eu volto. E sempre digo que quero voltar o mais rapidamente possível.
Acha que volta quando?
No meio de outubro já devo estar no mesmo nível dos outros jogadores. Com certeza, ainda jogo este Brasileiro. É o que eu espero.
Seu único objetivo agora é voltar a jogar?
Entrar num jogo já vai ser muito bom. Depois, minha intenção é a de ser titular. Meu objetivo principal é ser campeão brasileiro, jogando ou não. De preferência como titular. Espero que eu consiga isso.