O famoso estilo excêntrico do técnico Juan Carlos Osorio, do Atlético Nacional (COL), se estendeu a toda Medellín na noite desta quarta-feira, acometeu e derrubou o São Paulo. Na primeira semifinal da Copa Sul-Americana, a equipe da casa venceu por 1 a 0, no Estádio Atanasio Girardot, e leva vantagem para o jogo de volta, quarta-feira que vem, no Morumbi.
Osorio é daqueles figuraças do futebol. É conhecido por guardar suas canetas de trabalho atrás dos calcanhares. Estudioso, costuma dissecar seus adversários. Fez isso com o São Paulo. Deu certo.
Não é segredo para ninguém que o Tricolor anda destruído fisicamente pela maratona de jogos. É cada vez mais difícil impor intensidade nos jogos. Mesmo antes, o técnico Muricy Ramalho já tinha feito o alerta e avisado que sua equipe iria jogar no toque de bola. Mas olha que atípico: o fundamento, principal característica do time, não funcionou. A correria do Nacional, sim.
Leia mais:
Com quase 80% de chance de título, Botafogo pode ser campeão nesta quarta
Londrina EC promete ter até 15 reforços para disputar o Campeonato Paranaense
Dez são presos por emboscada a cruzeirenses; presidente da Mancha continua foragido
Por que Palmeiras está atrás na disputa pelo título? Abel explica em livro
Os colombianos estiveram visivelmente mais intensos no jogo. Ganharam terreno. E passaram a ganhar o jogo com um erro incomum, para não dizer bizarro, do árbitro uruguaio Daniel Fedorczuk. Na melhor escapada do São Paulo no primeiro tempo, Ganso colocou Alan Kardec livre na frente do goleiro, o atacante chegou a limpar Armani e foi atingido bruscamente, fora da área. Ficou desmanchado no chão, gritando de dor. Mas o árbitro marcou... Tiro de meta! Incrível! Kardec precisou de atendimento médico por conta do tornozelo direito e sentiria o golpe depois.
Antes, mais incomum foi a inversão de lateral, em outro erro do árbitro, que permitiu o gol do Atlético. De nada adiantou Kaká reclamar: os colombianos fizeram a cobrança e, em rara falha de Edson Silva que Rogério Ceni tentou consertar, Ruiz marcou. 1 a 0.
A partir daí, o São Paulo passou a errar mais passes do que o habitual. Exagerou até. Souza, Denilson, Ganso, Kaká... a bola queimava nos pés de um time altamente técnico. Para piorar, lembra de Kardec? Em nova disputa de bola, seu tornozelo foi atingido de novo e a saída foi inevitável. Alvaro Pereira entrou, com Michel Bastos sendo adiantado.
A segunda etapa continuou com o São Paulo atípico. Sem vibração, criatividade ou domínio das ações, mesmo com o adversário dando espaços e apenas saindo nos contra-ataques. Rogério Ceni fez algumas intervenções e impediu o pior.
Lembram de Osorio? Pois o excêntrico treinador inovou. Eis que passou instruções ao capitão Henriquez com um bilhetinho, que o jogador, em um mix de surpresa e jeitão desengonçado, colocou dentro do calção, em meio à roupa íntima.
Reflexo de um jogo diferente para o Tricolor, que precisará inverter o placar no Morumbi na semana que vem. A final da Sul-Americana está por um jogo. Mas terá de ser diferente do apresentado em Medellín. Osorio, o excêntrico, comemora. Venceu a primeira batalha sobre Muricy.
Na semana que vem, o São Paulo precisará vencer por dois ou mais gols de diferença. Se fizer 1 a 0, a decisão será nos pênaltis. Qualquer outro resultado dá a vaga ao Atlético Nacional.