Zico, candidato à presidência da Fifa, atacou o processo eleitoral na entidade e disse que, se as regras não forem modificadas, a eleição "dificilmente terá legitimidade". Nesta terça-feira, ele entregou ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, uma carta em que defende que as regras estipuladas para a apresentação de candidaturas sejam modificadas. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Zico ainda questionou Michel Platini e a própria Conmebol.
A eleição ocorre no dia 26 de fevereiro de 2016, mas os candidatos precisam apresentar seus nomes até final de outubro. O problema é que o ex-jogador brasileiro ou qualquer outra pessoa que quiser fazer parte da corrida eleitoral na Fifa precisa ter apoio de cinco federações nacionais diferentes para que sua candidatura possa ser validada. Zico, por enquanto, não tem nenhuma e admite que não sabe se vai obter.
Em sua carta a Blatter, Zico deixou claro que a reforma na Fifa precisa começar pela própria eleição. "Não é possível que exista uma regra como essa, que desconsidere que eu tenho 45 anos de história no futebol", criticou. "Essa regra cria um real obstáculo", disse.
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A norma foi criada há quatro anos como uma forma de evitar que um nome de fora do mundo do futebol possa surgir. Mas foi considerada como uma manobra de Blatter para dificultar o aparecimento de concorrentes que não sejam cartolas. "Quero o fim dessas condições, e outras pessoas já desistiram por conta dessa lei", contou.
O brasileiro pediu apoios em todo o mundo. "Mas muito pouca gente respondeu", disse. Segundo ele, existe uma "pressão" e "ameaças" a dirigentes que saiam de acordos regionais. "Não existe uma independência no voto e isso precisa mudar. Esse sistema abre a possibilidade para a corrupção", afirmou.
Zico contou que recebeu cartas da Itália e do Japão, países onde atuou. Mas mesmo ali não haveria uma confirmação do voto. "Eles foram muito gentis, mas não garantiram nada", disse. No caso da CBF, Zico apenas terá o apoio se ele obtiver os demais quatro votos. "É difícil ter uma legitimidade assim na eleição", insistiu Zico.
PLATINI - O ex-craque da seleção também não poupou questionamentos a Michel Platini, presidente da Uefa e considerado como favorito no processo eleitoral. "Ele faz parte da estrutura da Fifa, ele é membro do Comitê Executivo. Não acredito que será dele que virá uma reforma da entidade", disse Zico.
Na avaliação do brasileiro, se Platini for eleito, o resultado será uma "concentração ainda maior do poder do futebol na Europa". "O resto do mundo está ficando abandonado. A América do Sul, que se dane. Ela já está em peso na Liga dos Campeões da Europa", disse. "Platini ali significa que vai haver uma concentração ainda maior", alertou.
Zico também fez questão de atacar a Conmebol. "Será que ela representa mesmo o futebol brasileiro?", atacou. "Será que a Conmebol representa o Brasil?", disse. Zico também alertou que a Conmebol tem como seu "homem forte" o filho do presidente da Federação Espanhola de Futebol, Gorky Villar, braço direito do presidente da entidade sul-americana, Juan Napout. "Quem a Conmebol representa?", questiona. "Não é a América do Sul".
O brasileiro diz que não está surpreendido pela situação da eleição na Fifa. "Mas precisamos tentar mudar as coisas. Precisamos abrir a caixa preta da Fifa", insistiu. "Se ficarmos quietos, nunca vamos mudar nada. Não podemos continuar assim", completou.