A gestão das confederações precisa mudar. Esta foi a opinião dada pelo tenista Gustavo Kuerten, o Guga, durante entrevista coletiva concedida na última quinta-feira (12), em Curitiba. Ele esteve na capital para visitar crianças de uma escola e para o lançamento de um relógio com a sua assinatura, em parceria com a marca Hublot. Guga comentou sobre modelo de gestão esportiva no Brasil e a falta de investimentos a longo prazo em esportes olímpicos.
Defensor de um modelo que de flexibilidade à direção nas confederações e federações esportivas, o tenista tricampeão de Roland Garros vê com otimismo a aprovação de um projeto de Lei na Câmara Federal, na terça-feira (10), que limita em quatro anos o mandato dos presidentes destas entidades, com direito a apenas uma reeleição – atualmente os dirigentes não tem limites de reeleição. O projeto segue, nesta semana, para votação no Senado.
Guga, que pretende ir à Brasília para acompanhar a votação no Senado, considera este projeto um avanço importante. "O esporte precisa evoluir nesse sentido, esses ajustes são necessários. Tenho participado disso porque acho que é o meu papel como esportista. Não quero que as pessoas tenham que passar pelas mesmas dificuldades que eu passei", avalia o tenista, que ainda considera que o Brasil precisa de melhorias também na área educacional para evoluir no esporte. "Por isso vinculo meus projetos a esse aspecto".
Leia mais:
Tom Brady diz que ser pai é a tarefa mais difícil de sua vida
Whindersson contra comediante: quem mais luta no card de Tyson e Paul?
Evento esportivo que comemora os 72 anos de Alvorada do Sul está com inscrições abertas
Londrina sedia o Brasileiro de Kart após 25 anos; veja a programação
Apesar dos trabalhos sociais que realiza – com o Instituto Guga Kuerten (IGK), que há 13 anos trabalha com oficinas esportivas e educacionais para crianças e adolescentes carentes e com necessidades especiais – além da militância por mudanças nos esportes, o atleta descarta entrar para a carreira de dirigente. "Já estou bastante envolvido (com o esporte). Acho que (ser dirigente) limita muito minha função. Meu papel abrange uma esfera muito maior", acrescenta.
Investimentos - A três anos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, na avaliação do tenista, o Brasil até agora não soube aproveitar a oportunidade para realizar investimentos de longo prazo para otimizar outras atividades esportivas, além do futebol. Ele considera os projetos apresentados até agora puramente "emergenciais". "O Brasil não está preparado para aproveitar e otimizar todas as possibilidades olímpicas. O tempo está passando e isso me chama atenção. Eu vejo que são projetos emergenciais apenas para as olimpíadas", critica.
Dentro deste pacote de tapa buracos esportivos está um projeto criado há um ano pelo governo federal. Denominado "Brasil Medalha 2016", o projeto visa investir R$ 1 bilhão em esportes olímpicos até o ano dos Jogos para que tragam resultados no quadro de medalhas. "O projeto tem que estar dentro de um plano. Senão, é como pegar uma mangueira e tentar apagar um incêndio em uma floresta. Se eu tenho um plano bem definido, cada projeto tem o seu espaço. E não existe hoje esse plano a longo prazo".
Outro projeto que precisa de aprimoramentos, na opinião de Guga, é uma iniciativa do governo do Paraná, o projeto DNA Olímpico, lançado há um mês. A intenção da Secretaria de Estado do Esporte é fazer um mapeamento genético para que se saiba quais crianças podem atuar em determinadas modalidades. Para o tenista, o que atrapalha estas iniciativas é a falta de estrutura para os esportes. "É uma boa iniciativa, mas precisa estar dentro de um contexto mais amplo. No esporte qualquer detalhe é favorável, mas não adianta ter o detalhe e não ter o básico".
Promessas - Para o futuro do tênis, Guga acredita que a modalidade, assim como outras, ainda é dependente de alguns talentos pontuais, que carregam grande responsabilidades de representarem, sozinhos, o Brasil em jogos olímpicos e torneios internacionais. "Na Espanha (por exemplo) são de 10 a 15 pessoas que eles trabalham e treinam. Se o dinheiro fosse investido na capacitação de professores e treinadores, seria melhor aproveitado".
Mesmo com os prognósticos pouco otimistas para o cenário olímpico nacional, o tenista avalia que há chances de um futuro promissor para dois tenistas juvenis: a paulista Bia Haddad, 17 anos, que em julho sofreu uma fratura que a mantém afastada das quadras por 90 dias, e o cearense Thiago Monteiro, 19 anos.