Corpo & Mente

Ronco leva cada vez mais casais a dormirem em camas separadas

11 jun 2015 às 15:42

Você ama dormir agarradinho com o seu companheiro, até ele começar a roncar. Pesquisa inédita no Brasil realizada pela National Sleep Foundation USA (Fundação Nacional do Sono nos EUA), aponta que cada vez mais casais dormem em camas separadas e uma das principais motivações é o ronco do parceiro.

Nos Estados Unidos, o número de casais dormindo em camas separadas em 2001 era 12%, foi para 23% em 2005 e a previsão é de que agora em 2015 esse número chegue a 40%. Entre as principais motivações para os casais dormirem em camas separadas, 43% alegou hábitos noturnos diferentes (como horário de dormir e assistir televisão na cama), 36% o ronco do parceiro e 20% preferência de dormir sozinho.


De acordo com Fernanda Camargo, especialista em sono e diretora do Centro de Referência do Sono, pesquisas mostram que os casais que dormem juntos tendem a ter 50% mais chances de apresentar distúrbios do sono. "A verdade é que dividir a cama acaba, muitas vezes, resultando em dividir um quadro clínico de problemas para dormir. O processo é cíclico, o paciente que tem apneia do sono e ronca, por exemplo, acabará causando dificuldade para dormir ao seu parceiro. As noites de sono mal dormidas podem causar uma série de problemas como doenças do coração, hipertensão, depressão, acidentes de trabalho e até divórcio. Então, se um dos cônjuges apresenta distúrbios do sono, ele deve procurar um diagnóstico e tratamento o mais rápido possível, para evitar consequências para o casal".


Segundo ela, pesquisa realizada por um instituto britânico mostrou que num universo de 500 homens, 30% afirmaram que o ronco prejudica as relações sexuais e 46,4% sentiam vergonha por roncar. "No Brasil não é muito diferente, pois em média um terço das pessoas admitem terem tido problemas no relacionamento por causa do ronco. A apneia não tratada pode causar disfunção erétil e impotência, por isso os problemas do distúrbio para o casal podem ir muito além da dificuldade para dormir por conta do ronco.", relata a especialista.


De acordo com Augusto Colen Carrasco, fisioterapeuta cardiorrespiratório do Incor, o ronco geralmente é um sintoma de que algo não vai bem e precisa ser tratado. "Estima-se que a apneia obstrutiva do sono acomete mais de 30% da população só em São Paulo, com incidência maior em homens e pessoas obesas. O distúrbio faz com que a pessoa tenha paradas repetidas da respiração por alguns segundos durante a noite e emita ruídos barulhentos. Se não tratado, o distúrbio pode causar doenças sérias como hipertensão, doenças cardíacas e depressão", observa.

O Dr. Carrasco explica que o primeiro passo para o roncador é fazer um diagnóstico do problema. "Frequentemente recebemos e-mails dos nossos pacientes com relatos de como o tratamento da apneia ajudou a salvar o casamento. O diagnóstico é simples, feito através da polissonografia, um exame que mensura a gravidade da doença e ajuda na determinação do tratamento. Em caso de confirmação do diagnostico, o tratamento mais indicado é o uso do aparelho Cpap, uma máscara que joga ar na garganta para que ela se mantenha aberta durante o sono e não emita som."


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