Um grupo internacional de cientistas anunciou neste domingo a descoberta de cinco genes relacionados ao início do mal de Alzheimer, dobrando o número de variantes genéticas conhecidas que favorecem o surgimento da forma mais comum da doença. A descoberta, publicada no jornal Nature Genetics, pode fornecer pistas para as causas da complexa e incurável enfermidade, além de ajudar os médicos a prever casos de maior risco, segundo os cientistas.
No maior dos estudos realizados até o momento, cerca de 300 cientistas de dois consórcios sequenciaram os genomas de 54 mil pessoas - algumas afetadas pela enfermidade, outras não - para trazer à tona as novas variações genéticas identificadas. Os dois projetos começaram independentemente, mas depois trocaram seus dados, permitindo que cada grupo confirmasse as descobertas gerais.
Segundo o principal idealizador de um dos estudos, o pesquisador Gerard Schellenberg, da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, "antes dessas pesquisas, havia cinco genes de ''início tardio'' aceitos". Por e-mail, ele disse que "agora, há mais cinco: MS4A, ABCA7, CD33, EPHA1 e CD2AP". Cerca de 90% dos casos de Alzheimer são os chamados de "início tardio", isto é, que afetam pessoas com mais de 65 anos. A probabilidade de desenvolvimento dessa forma da doença dobra a cada cinco anos.
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Schellenberg explicou que a identificação das partes do DNA que contribuem para o mal de Alzheimer aumenta "nosso entendimento do papel da hereditariedade neste início", acrescentando que outros genes certamente ainda terão de ser descobertos. Mas Schellenberg disse que a maior contribuição será na compreensão dos mecanismos por trás das causas do Alzheimer. "Esses genes destacam novos caminhos essenciais para o processo da doença."
O último objetivo, segundo Schellenberg, é criar medicamentos que possam interromper ou até evitar o progresso da doença. Para isso, "biólogos moleculares que trabalham nos mecanismos da doença agora precisam descobrir exatamente como esses genes se ligam ao processo do Alzheimer". Os tratamentos atuais são apenas "marginalmente eficientes" ao mascarar sintomas ou desacelerar o avanço inevitável da enfermidade, de acordo com Schellenberg.
O mal de Alzheimer afeta 13% das pessoas com mais de 65 anos no mundo e até 50% dos idosos com mais de 85 anos. Especialistas estimam que, conforme as populações dos países ricos envelhecerem, o número de afetados no mundo deve dobrar para mais de 65 milhões até 2030. As informações são da Dow Jones.