A pequena Colorado está em alerta contra o zika vírus. Com 12 casos de gestantes confirmados em 2016, a cidade do Noroeste do Paraná, onde vivem aproximadamente 23,6 mil pessoas, responde por 60% dos casos da doença em grávidas no Estado. A Secretaria de Saúde garante que o trabalho de combate ao surto tem sido efetivo e que o pior já passou, mas entre os moradores o medo de contrair o vírus está bastante vivo.
Diante de 16 casos positivos de zika registrados em vários pontos da cidade – incluindo as grávidas – o cotidiano pacato, típico de uma cidadezinha do interior, mudou muito após a confirmação de que a cidade era uma das mais afetadas pelo vírus que tem assustado a população de vários países do mundo. Ninguém sabe apontar o motivo exato pelo qual a cidade acabou tão afetada pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, febre chicungunya e dengue. Para o secretário de Saúde, Valdomiro Zanardi, as chuvas intensas e frequentes que castigaram a cidade no final do ano passado podem ter contribuído.
"Não sei se está acontecendo em outras cidades e não estão sendo notificados, mas nós aqui estamos fazendo nosso trabalho. E o agravante é que em novembro do ano passado tivemos um vendaval muito forte, que destruiu mais de 600 árvores e residências. Em dezembro, choveu três semanas ininterruptas e o município ficou descoberto, pois o pessoal (de combate a Endemias) mal conseguia trabalhar. Acredito que esse período houve proliferação maior e em janeiro e fevereiro houve a grande contaminação", apontou o chefe da pasta de saúde.
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Ele reforça, no entanto, que o avanço da doença está temporariamente controlado, graças ao trabalho conjunto realizado no município a partir da detecção do surto. De acordo com Zanardi, cerca de 90% dos criadouros do Aedes Aegypti foram eliminados depois da grande limpeza feita na cidade. Além disso, foram contratados mais sete agentes comunitários de saúde para ajudar nas visitas diárias. "De duas semanas para cá, estamos mais tranquilos, pois não tivemos mais notificações. Mas o estado de alerta continua para sempre, porque a zika chegou para ficar e temos que combatê-la", frisou.
Segundo último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), na terça-feira, em Colorado são 191 casos de dengue (um importado). Nenhuma morte foi registrada desde agosto, no atual ciclo epidemiológico.
ACOMPANHAMENTO
Zanardi garante que o acompanhamento tem sido diário pelos setores de saúde. Por enquanto nenhum dos bebês foi diagnosticado com microcefalia. Três das mulheres que contraíram o vírus já tiveram seus bebês e eles estão saudáveis e recebendo acompanhamento de médicos da rede pública de saúde do município. "Os casos estão sendo monitorados também pela 15ª Regional de Saúde do Estado e caminham bem. Elas realizam exames de ultrassonografia. Acredito que não teremos nenhum caso de microcefalia", diz o secretário.
O Paraná tem até o momento, de acordo com o último levantamento da Sesa, 20 casos confirmados de zika vírus em gestantes. Em nenhum deles, no entanto, foi detectada a malformação do feto. A médica da Sesa, Mirian Woiski relata que todas elas têm sido acompanhadas e assistidas pelas equipes da pasta.
Ela reforça ainda que os cuidados devem ser minuciosos. "Até porque 80% dos casos podem ser assintomáticos. E mesmo os que apresentam podem ser confundidos com dengue ou chicungunya ou outra virose, porque tem mais ou menos os mesmos sintomas: febre alta, dor de cabeça e articulações, mal estar geral". Em todo o Paraná, já foram confirmados 223 casos de zika vírus.
A orientação da Sesa é para que mulheres paranaenses que tenham o desejo de engravidar esperem mais alguns meses, até que se tenha mais informações sobre as formas de contágio e efeitos da doença no organismo. Para as que já estão com a gravidez em andamento, tomar alguns cuidados simples é fundamental, como o uso de repelentes e roupas compridas, o telamento de janelas das casas. "Mas a maior orientação é o controle do vetor, eliminar ao seu redor e denunciar possíveis focos para que sejam eliminados", acrescentou a médica.