As informações sobre agricultura divulgadas nesta segunda-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são o retrato dos dilemas do país no caminho para o desenvolvimento sustentável, que pressupõe crescimento com preservação ambiental e inclusão social.
Embora sejam bem menores que as áreas de pastagem, as áreas de lavouras vêm crescendo no país e, com isso, aumenta também a venda de fertilizantes e agrotóxicos. A área de lavoura passou de 6% para quase 8% do território brasileiro entre 1992 e 2010. Nesse mesmo período, a comercialização de fertilizantes passou de 69,4 quilos por hectare em 1992 para 155 quilos por hectare em 2010.
O consumo de agrotóxicos passou de 3,2 quilos por hectare em 2000 para 3,6 em 2009. "Não tem solução fácil no desenvolvimento sustentável. O uso de fertilizantes e agrotóxicos acompanha o comportamento da agricultura. As áreas cultivadas aumentam, mas isso tem consequências ambientais. Melhora de um lado, mas impacta o meio ambiente de outro", diz Denise Kronemberger, da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE e coordenadora técnica dos IDS 2012.
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A evolução da venda de fertilizantes entre 1992 e 2010 acompanhou as oscilações da economia brasileira. Neste período, a comercialização teve queda entre 2003 e 2005, período de crise na agricultura, e em 2008 e 2009, segundo o IBGE em consequência da crise econômica internacional.
O aumento das pastagens plantadas, que crescem sobre as áreas de pastagem natural, o que indica a expansão da pecuária, também fez crescer a venda de fertilizantes e agrotóxicos, segundo o IBGE. A pesquisa divulgada hoje, no entanto, não tem dados atualizados sobre áreas de pastagens e repete as informações da última publicação de Indicadores do Desenvolvimento Sustentável. Entre 1996 e 2006, as áreas de pastagens plantadas tiveram aumento de 2,7% e as pastagens naturais caíram 26%.
Além de danos ao solo, rios e lagos, os fertilizantes e agrotóxicos aumentam a emissão de gases do efeito estufa, destaca o IBGE. "A agricultura moderna tem gerado impactos ambientais que comprometem a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas a médio e longo prazos, embora esteja elevando a produtividade e permitindo atingir níveis de produção que atendem às demandas do mercado", diz a pesquisa. "O aumento da produção de alimentos de maneira sustentável continua sendo o grande desafio do setor agrícola", conclui.
A presidente Dilma Rousseff tem insistido no fato de que o desenvolvimento sustentável no País é um caminho sem volta, independente das oscilações da economia, e cita a diminuição da pobreza como um dos indicadores objetivos. Entre 1995 e 2009, o PIB per capita passou de R$ 4.441 para R$ 5.390. Outro dado comemorado pelo governo tem sido a redução da desnutrição infantil, que era de 18,4% das crianças com menos de um ano de idade, em 1975, passou a 5,7%, em 1996, e chegou a 2,8% em 2009.